quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A nova "bomba" do Zé Pedro

Apesar de muitas terras do distrito de Viseu ainda não terem acordado para a paixão das motos - diz quem sabe que é dos poucos lugares em Portugal onde ainda se consegue comprar motorizadas e motos antigas a preços "do antigamente" - há pelo menos duas localidades, Oliveira de Frades e São Pedro do Sul, onde a "febre" já contagiou um bom número de pessoas. Um dos culpados disso é José Pedro Almeida que apesar de ser professor do ensino secundário, tem uma enorme paixão por tudo o que seja motos, clássicas ou modernas, uma boa parte das suas horas vagas sendo passada a restaurar "senhoras". Zé Pedro já se tinha denotado há uns meses com o seu trabalho de relojoaria numa Binz mas, acabado o mesmo, não conseguiu ficar muito tempo quieto e adquiriu perto de Oliveira de Frades o quadro e o motor de uma Norton, a partir dos quais resolveu fazer uma café racer dos anos 60. As rodas, o depósito, os aros (em alumínio) e outras peças especiais, comprou-as em Inglaterra, mas a suspensão conseguiu-a em Portugal. O mais interessante de tudo, porém, é o banco, com baquê, que foi feito pelo próprio Zé Pedro - nuns bons serões mais uns fins de semana - a partir de um molde em cartolina, e bem ao estilo da época. Apesar da moto ainda estar longe de estar completa, já dá para ver que temos aqui outra obra de arte em progresso!


1 comentário:

  1. Completando esta informação, o aparecimento destas “motos” contextualiza-se numa Europa que estava a crescer industrialmente, no entanto, em Portugal e para não variar a maioria da população vivia num mundo rural, marcado pela miséria, sobrevivendo com o trabalho de uma agricultura tradicional. Todo este quadro provocou uma grande vaga de emigração e no caso daqueles que optaram por ficar, o fluxo foi em direcção aos centros urbanos. A motorizada surge para este trabalhadores que precisavam de se deslocar mais rapidamente e mais longe, como uma alternativa viável. Em Portugal é precisamente a necessidade da procura de melhores condições de trabalho, que faz crescer o recurso a este “meio de transporte” que se torna a companhia pessoal de muitos trabalhadores fabris. Entre a jornada de trabalho dura e de muitas horas e os cafés onde se afogavam as misérias da vida, estas motorizadas davam outra cor à solidão. Este trabalho do Zé Pedro e de outros que se dedicam a esta “arte” é de louvar e é caso para dizer que numa “peça” tão antiga contam-se muitas história. Parabéns por este trabalho.
    CS

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