segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A viagem ao "continente"

Hoje em dia, dar-se uma volta de moto pela Europa é mais uma questão de se ter uma moto, dinheiro para as gasolinas e as portagens e toca a andar mas há 60 anos atrás, era um pouco mais complicado. Não havia ainda quase auto-estradas, não havia assistência na estrada digna desse nome, telemóveis era mentira e se uma peça se avariava corria-se o risco de se ter que esperar semanas, para não dizer meses, até chegar uma peça de substituição. Um grupo de amigos ingleses, no entanto, não se intimidavam com essas coisas. Com excelentes máquinas, incluindo uma Brough Superior SS100, uma Triumph Thunderbird e várias Sunbeam, eles levaram a cabo, durante boa parte da década de 50, um passeio anual no "continente", como os bifes chamam a tudo o que seja Europa para lá do Canal da Mancha. Só isso já seria digno de nota mas o mais espectacular é que um deles, ou mais, se deu ao trabalho de documentar tintin por tintin uma dessas viagens com fotos e dados estatísticos que são de cair para o lado, ou quase. A de cima, uma das primeiras do passeio de 1953, mostra a Brough e as outras máquinas do passeio desse ano, a serem carregadas num avião de carga, num aeroporto do sul de Inglaterra em direção a França. O relato fotográfico completo desse passeio pode ser encontrado no site www.go-faster.com e recomenda-se, very, para quem gosta destas coisas.

domingo, 29 de janeiro de 2012

E os Killt também vão animar a festa!

Com a recente contratação do grupo luso-britânico Killt, já temos assegurada a presença de quatro bandas na festa que vai ter lugar na noite de 02 de Junho do Todos a Fátima, cada uma com a sua especialidade. Os Dixie Boys do Porto, a primeira e entrar em cena, vai tocar música dos anos 50; a Mystique Band de Braga vai tocar baladas dos anos 60 e 70; os Lentos e Fumarentos da Figueira da Foz (todos eles participantes activos do Todos a Fátima) vão tocar um repertório próprio que inclui um inédito do Todos a Fátima, e agora a Killt de Lisboa vai "encantar-nos" com a sua música alternativa dos tempos modernos. Vai na volta, ainda vamos poder dizer que vamos ter um "Rock in Fátima" incluído no Todos a Fátima!

A Z1300 Limousine

O australiano Steve Hari, da cidade de Melbourne, tinha uma Kawasaki Z1300 do final dos anos 70 lá em casa e até gostava de dar umas voltas nela. O único problema é que Steve é tipo Professor Pardal. Gosta de mexer e remexer em tudo o que seja mecânico. Vai daí, teve a brilhante ideia de transformar a sua Z1300 nums limousine de duas rodas. A brincadeira não lhe terá saído barata pois além do quadro, teve que alterar o veio de transmissão, os dois escapes, o banco e ainda mandou fazer uma terceira e uma quarta tampas laterais para manter a estética da moto. Para os puristas da marca poderá parecer um crime mas que chama a atenção, e atrai companhia(s), não haja dúvida.

Nesta foto, em que se vê Steve com três amigas - todas de mini-saia, à anos 70!!! - percebe-se melhor a nova dimensão da "limo", e a sua capacidade de transporte!

Em Portugal, com tanta burocracia que temos a nível de IMTT, uma máquina destas talvez nunca se conseguisse legalizar mas na Austrália, como esta terceira foto mostra, deve ser bem mais fácil. Haja Steves nesta vida!

O exemplo da Atouguia

Nos concelhos de Batalha, Leiria, Ourém, Porto de Mós, e outros próximos de Fátima há cada vez mais gente a preparar-se para o Todos a Fátima. A aldeia da Atouguia, no concelho de Ourém, não é exceção mas o grupo local "Velhas mas Potentes", constituído sobretudo por jovens dos 16 aos 20 anos, está a fazê-lo com uma particularidade. Entusiasmado pela ideia do encontro, o grupo tem-se dedicado ao restauro de motorizadas de familiares dos seus membros - muitas delas até recentemente abandonadas em palheiros ou noutros lugares - e, se tudo correr bem, conta participar no Todos a Fátima com 10 a 15 máquinas, incluindo a Casal Boss "especial" que se vê na foto e que no ano passado já foi uma das atrações do encontro.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A primeira japa

Dada a dimensão e excelência tecnológica da indústria japonesa de duas rodas seria de imaginar que as primeiras motos do império do Sol nascente surgiram sensivelmente ao mesmo tempo das primeiras máquinas do velho continente ou dos Estados Unidos, na última década do século XIX. Mas não. Segundo a prestigiosa Sociedade Japonesa de Engenharia Mecânica, a primeira moto digna desse nome do país foi a NS, concebida e produzida em 1909. Tinha um motor monocilíndrico com válvulas de entrada e saída sobrepostas, tipo "F", e apesar de não ter travão na roda da frente, tinha já uma semi-suspensão frontal. O seu fabricante foi a empresa Nihon Motorcycle e terão sido produzidos aproximadamente 20 exemplares da mesma. Nenhum deles chegou "vivo" aos dias de hoje mas os esquemas de produção ainda existem e encontram-se no museu particular de Tsutomu Demizu, um dos principais pesquisadores japoneses em história industrial.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Bm para Marrocos, e a V5 pra Fátima

Se ainda é daqueles que pensa que quem gosta de motos modernas não gosta de "senhoras", o exemplo de Carlos Ferreira mostra exactamente o contrário. Apaixonado por máquinas de duas rodas desde sempre, Carlos tem vindo a ter máquinas cada vez maiores e mais potentes e a sua montada actual é uma BMW GS1200 Adventure, a máquina mais potente da gama GS da marca alemã, com 100 cavalos, duplo travão de disco na roda da frente, ABS de fábrica, punhos aquecidos e outros luxos que fazem mais lembrar um carro de topo de gama que uma moto. Desde há uns tempos para cá, no entanto, o Carlos (re)descobriu também o encanto das pequenas motorizadas portuguesas do antigamente e arranjou uma SIS Sachs V5 dos anos 70 que poderá não ter nem uma fracção dos luxos da BMW mas que também lhe dá um grande gozo. E enquanto a BMW é a moto de eleição para grandes viagens, em Portugal e não só - até já foi a Marrocos - a V5 está reservada para pequenas voltas e passeios com amigos, incluindo o próximo Todos a Fátima ao qual o Carlos conta ir a "rolar" nela. "A BMW" diz ele, "É realmente a melhor moto do mundo e faz-me sentir nas nuvens, mas para voltar à Terra, não há nada como uns quilómetrozinhos na V5".

sábado, 21 de janeiro de 2012

O motocross de 1965

Até há muito pouco tempo atrás, pensava-se que o primeiro motocross que tinha tido lugar em Portugal era um de 1966, na região de Sintra, mas dados recentemente trazidos a público por um grupo de moçambicanos amantes do desporto automóvel e motociclístico dos tempos coloniais, mostra que afinal a primeira prova do género em terras portuguesas (da altura) teve lugar um ano mais cedo em 1965, na então Lourenço Marques. Realizada junto ao Peter's, um bar que havia a norte da cidade, no caminho para a Costa do Sol, a prova contou com alguns entusiastas locais das duas rodas, incluindo Joaquim Pascaol, (o homem da esquerda na foto, numa Florett, sem a frente guarda-lamas da frente), José Carlos Morais Rodrigues (na Garelli 50 do meio, sem guarda-lamas e com o escape cortado) e Sergio Cardiga (na Garelli 50 da direita, também sem guarda-lamas). Além destas motos, participaram na prova também uma Puch VZ50 e outras máquinas de 50cc, tudo estrangeiras, pouco usuais no continente na altura.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A Carmelita que (também) deve ir a Fátima

Como acontece com todas as outras marcas de motos, na Famel há modelos que são mais raros. Dos anos 70 e 80 ainda se consegue descobrir sem grandes dificuldades quase todos os modelos, mas quando começamos a andar para trás, para os anos 50 e 60, as coisas complicam-se. E se alguns dos modelos destas duas décadas ainda aparecem de vez em quando, outros há que parecem extintos, ou quase. A Carmelita, dos anos 60, é um bom exemplo disso. Fabricada no começo dos anos 60, ter-se-ão fabricado no máximo 1000 exemplares da mesma e hoje em dia é capaz de não restarem mais de quatro ou cinco por aí. Uma porém, deu recentemente,á costa. É da região de Lisboa e o seu proprietário, Joaquim Vilela, comprou-a nova em 1962. Usou-a durante anos como meio de transporte mas quando arranjou dinheiro para comprar um carro, deixou-a a descansar na garagem. Ainda a usou algumas vezes mas entretanto foi-a "modernizando" a nível de óptica, banco, suspensão e guarda-lamas. Agora, com a "febre" das 50, ressuscitou-a e está a restaurá-la. "O que eu gostava mesmo", diz ele, "Era tê-la pronta a tempo de ir a Fátima. Vamos ver se consigo". Consegue, Sr Joaquim. A moto até nem está em muito mau estado, e as peças que lhe faltam arranjam-se. Dia 02 de Junho, lá esperamos por si!

domingo, 8 de janeiro de 2012

O vencedor de 1951

Entre os mais de 30 ou 40 temas abordados na próxima SóClássicas, um dos principais é a grande história da Norton Manx, a desportiva inglesa mais famosa de sempre. Com 12 páginas, o artigo centra-se, naturalmente, nesta grande moto mas ao se falar na Manx é impossível ou quase não se falar de três ou quatro pilotos britânicos e irlandeses que tanto contribuíram para a espectacular fama desta grande moto. Os dois mais famosos são Stanley Woods e Jimmy Gunthrie, mas Geoff Duke, o homem que aqui vemos a caminho do pódio depois de ganhar a prova Senior (500cc) do TT da Ilha de Mann de 1951 também merece um louvor. Embora só tenha sido piloto da Norton durante três anos, de 1950 a 52, ganhou quatro provas do TT nesse curto espaço de tempo, duas na classe Senior e duas na Junior (350cc). Stanley Woods, nos seus tempos auréos dos anos 20 e 30 ganhou o TT 14 vezes, mas a vitória de Geoff Duke em 1951 foi única. E isto por um motivo. É que além de ter ganho as provas Senior e Junior, tanto numa prova como na outra, chegou à meta também à frente de um verdadeiro exército e Manxs. Na prova Senior, havia nove Manxs entre os 10 primeiros classificaos, e na Junior cinco. Nunca, nem antes nem depois, a Norton, e a Manx, tiveram um resultado tão espectacular nesta mítica prova. Passado pouco tempo, em 1953, a Manx iria passar a ter um concorrente de peso, a Gilera, mas durante anos e anos, muitos inglesas quando queriam falar da excelência das motos inglesas em competição, era da vitória de Geooff e das Manx no TT de 51 que eles se lembravam.

Á porta do Café do Jorge

Na Póvoa do Varzim há talvez uns 50 cafés e pastelarias, mais coisa menos coisa, mas nenhum como o Coffee Break de Jorge Monteiro. É que o café, nem se sabe bem como, tornou-se o centro dos aficionados das motorizadas antigas desta simpática cidade à beira-mar plantada. E tudo, ou quase tudo, porque o Jorge, que já gostava de motos modernas, no ano passado, e quase em cima da hora, resolveu comprar uma Fórmula I e ir ao Encontro de Fátima com um amigo. Foram, voltaram e gostaram tanto que o Jorge não só já se está a preparar para ir outra vez este ano - possivelmente com uma Florett - como não se tem cansado de "meter o bichinho" aos vizinhos e amigos. Segundo ele, "Uma coisa, pelo menos posso garantir. É que daqui da Póvoa e arredores não vamos ser nem dois nem três. Vamos ser talvez mais de 10". Fixe, fixe!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A revolucionária de 1913

No começo dos anos 10, as Douglas com dois cilindros deitados longitudinalmente e opostos eram das motos que mais se vendiam no Reino Unido. Era um caso único ou quase pois a esmagadora maioria das marcas preferia motores monocilíndricos mas a Douglas dava-se bem com este conceito e as suas motos vendiam-se muito bem. Elas tinham, no entanto, um problema, a refrigeração do cilindro virado para trás o qual, naturalmente, apanhava muito menos ar que o cilindro frontal. Entre 1912 e 1913 a Douglas ainda desenvolveu um projecto, revolucionário para a altura, dum sistema de refrigeração a água o qual, adaptado ao motor, poderia resolver de vez o problema mas havia dúvidas sobre a sua fiabilidade e a Douglas não queria arriscar a sua excelente reputação numa inovação destas sem todas as certezas. O inglês Willaim "Billy" Williamson, porém, não tinha dúvidas sobre a refrigeração a água. Tendo já trabalhado alguns anos na direção de uma outra marca de motos inglesa da altura, a Rex, já tinha estado ligado a testes com este tipo de refrigeração e mostrava-se confiante que o mesmo podia funcionar sem problemas. Graças ao seu entusiasmo, a Douglas acedeu a criar uma parceria com a empresa por ele criada, a Williamson, para a produção experimental de uma moto, que utilizaria o motor boxer da Douglas com um sistema de refrigeração a água montado em "L". Foram feitos dois modelos experimentais, um dos quais o da foto, que parece terem-se mostrado encorajadores, só que entretanto rebentou a primeira guerra mundial e o projecto teve que ser interrompido. Com o fim da guerra em 1918, Billy pegou outra vez na Williamson e em 1919 começou a montar uma linha de produção para a moto. Infelizmente, quando ainda só tinha 20 máquinas prontas, apanhou uma pneumonia e morreu em poucos dias. Como resultado disso, só terão chegado aos dias de hoje duas Williamson. Que, escusado será dizer, valem uma pequena fortuna. Até hoje nenhuma foi vendida num leilão público mas os especialistas da Bonham's, a maior casa de leilões do mundo, estimam que se um dia uma delas fosse posta à venda, o seu valor de venda poderia chegar aos 350.000 a 400.000 euros.