domingo, 30 de janeiro de 2011

As Solex do Paulo


Uma boa parte do artigo de capa da nova Dmc, a qual deve chegar aos assinantes na segunda-feira e às bancas na quarta, deve-se ao Paulo Mota um dos responsáveis pelo entusiasmo cada vez maior que há pela marca Solex em Portugal. Para além de grande apaixonado pela marca, Paulo não se cansa de a promover seja através do Forum amgiosdasolex seja preocupando-se em descobrir tudo o que é novidades -na internet, em revistas, e também em livros - que surja sobre a marca. Tendo acabado de dobrar o cabo dos 50, Paulo começou a andar de Solex no começo dos anos 70, com 13 anos, naS 3800 V1 do irmão. Em 1975, ganhou uma PLI 5000 de presente e apesar de ter chegado a andar nela, o bichinho pela marca francesa só começou a surgir já nos anos 80. Por essa altura Paulo já tinha casado e tinha uma filha pequena e divertia-se a dar umas voltas com a miúda, de Solex! Quando os pais faleceram, nas partilhas com o irmão a S 3800 acabou por se tornar sua e inicialmente estava a pensar desfazê-la para peças, para a PLI 5000, mas depois, com o seu "faro" especial para descobertas sobre tudo o que tenha a ver com Solexs, conseguiu arranjar o que faltava na PLI e decidiu acabar por reaproveitar a S 3800 também. Depois, nunca mais parou. Já comprou uma terceira Solex, um modelo histórico dos anos 50, mas para além das motos, o que lhe dá mesmo prazer, segundo o próprio, é promover a marca e falar com os clubes e mecânicos franceses especializados em Solex. "É um mundo", diz ele. "E há sempre qualquer coisa nova para se descobrir (sobre a marca). Um modelo que não sabíamos que tinha sido fabricado, ou um pequeno detalhe sobre o cárter, a pintura ou outro. E depois há aquela satisfação que é irmos por aí de Solex e as pessoas pararem para nos verem, num misto de interesse e admiração. Isto é uma doença, mas sadia!".

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O amigo D'Silva e a sua inseparável V5


Ainda faltam uns meses para o dia 11 de Junho, mas à pála do mega-encontro de Fátima desse dia já conheci muita gente nova que também gosta de clássicas. Desde o começo do ano então, é raro o dia em que não receba um telefonema ou um mail de alguém com quem nunca tinha falado e com quem chego à fala porque ele ou quer inscrever-se ou quer mais informações sobre o encontro. E um deles foi o David Silva (também conhecido como o D'Silva), de Maçãs de Dona Maria, no concelho de Alvaiázere, distrito de Leiria. Nunca nos tínhamos falado antes, mas graças ao Todos a Fátima, já entabulámos conversa umas 10 vezes nas últimas semanas. Pois o amigo David tem uma V5 há 34 anos e gosta de tal maneira dela que é raro passar uns dias sem se montar nela. Ouviu falar do Todos a Fátima por dois amigos da terra e pelo Forum Motor Clássico e logo decidiu inscrever-se no evento. Mas não se ficou por aí. Começou a "picar" os amigos da aldeia para eles virem também, e neste momento já "aregimentou" cinco, com ele seis, convenceu a associação local, a ACREDEM, a apoiar os apaixonados de duas rodas da terra que querem ir, e agora, com a ajuda dos sócios da associação, vão espalhar cartazes nos cafés onde o pessoal das duas rodas costuma ir. "Ainda não sabemos quantos vamos ser", diz ele, "Mas 10 quase de certeza que vamos, talvez mais. Mas depois ainda vamos ser mais, pois há vários grupos da zona que se estão a pensar juntar já nas proximidades de Fátima para chegarmos todos juntos. Vai ser um sucesso".

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Antigamente é que era!


Gostaria de dizer preto no branco o que é isto, mas a verdade é que não sei. Descobri a foto num arquivo histórico italiano de scooters e mesmo não tendo mais indicações do que é, pareceu-me no mínimo, curioso. Pelas vários modelos de Vespa que aqui se vê, a foto será do final dos anos 50 e apesar da indumentária quase militar - ou quase hospitalar melhor falando - os autocolantes dão um ar descontraído ao grupo pelo que talvez fosse um grupo de amigos num passeio. Mas se era passeio, porquê a bata igual de todos eles, e as gravatas? Estranho, né?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

No tempo em que as Heinkel corriam


Vespas e Lambrettas em provas de velocidade até que conseguimos imaginar, mas scooters grandes, máquinas como as Heinkel ou as Zundapp Bella, é mais difícil. Mas aconteceu, nos anos 50 e, sobretudo na Alemanha, onde chegou a haver um campeonato nacional só para Heinkels. A foto mostra Albert Pfuhl, um dos campeões deste campeonato em meados da década de 50, o qual mais tard viria também a destacar-se como piloto de rallies. Curiosamente, um dos pouquíssimos países fora da Alemanha onde também houve corridas de Heinkels foi em Portugal, havendo registos de provas pelo menos no Circuito de Montes Claros, em Lisboa.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Cinco homens com cinco máquinas

Luís Pinto, de Castro Daire, é daqueles apaixonados pelas duas rodas que dispensa apresentações. Há uns anos atrás ficou conhecido de norte a sul do país por ter participado no Lés a Lés numa Indian dos anos 30, e mais recentemente voltou a ser notícia quando resolveu construir uma moto com um motor de Renault 4 e a transmissão de um Citroen. Apesar de ser extremamente ocupado tanto com o seu trabalho como com acções sociais, já reservou o fim de semana de 10 a 12 de Junho para ir ao Todos a Fátima, mas não vai sozinho. Já "contratou" o filho e o namorado da filha para irem também, mas além dos dois, vai levar também o pai Alcino (o homem da esquerda) e o tio Gualberto (o da direita). Tanto um como o outro já há uns 40 anos que não têm motorizada mas Luís já tá a tratar do caso. O pai vai numa Mayal com motor Sachs dos anos 60 que Luís conseguiu arranjar e que é igual a uma que o pai há 50 anos atrás. Está a ser restaurada e deve ficar pronta em Maio. E o tio deve ir numa Famel Mirage 74 que Luís também está a arranjar. Quanto a Luís, o filho e o namorado da filha, os três também já têm montada. Luís vai na Xf17 da sua juventude. a qual ele tinha vendido quando se casou para comprar um serviço de móveis para casa. A moto andou no motocross e foi completamente massacrada mas acabou por voltar às suas mãos, e Luís está também a restaurá-la para que ela esteja como nova em Fátima. O filho vai numa Flandria que o pai lhe "fez" quando ele tinha cinco anos. E o futuro genro vai numa Peugeot. "Inicialmente", diz ele, "Cá de casa ia só eu, mas quando falei na ideia à família o pessoal entusiasmou-se logo. Vai ser a primeira vez que os cinco homens da família vamos andar de moto juntos. E logo em Fátima. Vai ser bonito".

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Uma homenagem especial para um homem especial

Daqui a pouco mais de um mês faz 30 anos que um dos grandes senhores das corridas de motos dos anos 60 e 70, Mike Hailwood faleceu (muito estupidamente, quando um camião se atravessou à frente do carro em que ele seguia com os dois filhos). E porque os homens especiais merecem atenções especiais, a MotoClássica vai fazer-lhe uma pequena homenagem, na forma de um artigo dedicado à sua brilhante carreira de piloto de velocidade. O artigo já está a ser preparado mas um pequeno promenor sobre o qual gostávamos também de escrever mas ainda nao temos resposta. Ao que parece, "Mike the bike", como ficou conhecido entre os adeptos das corridas da época, terá estado em Portugal e terá participado numa prova por cá, possivelmente em Vila Real. Alguém aí saberá alguma coisa sobre isto?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A história de uma Bmw R50


Esta, descobri-a esta manhã na net, e além de interessante, achei-a bonita. É a história de uma Bmw R50 de 1958 que foi comprada na altura por um por Dick Castello, um jovem norte-americano depois de se casar e com a qual fez 100.000kms. Um dia Dick, já com dois filhos e mais um a caminho, teve um acidente e a mulher "proíbiu-o" de continuar a conduzir a moto. A moto foi posta num canto numa garagem e ficou lá 40 anos. Quando foi preciso fazer umas arrumações na garagem, a Bmw foi redescoberta e na altura um dos filhos pediu a Dick para se sentar nela e pensou que um dia gostava de ter uma moto assim. Os anos passaram, o pai morreu (aos 71 anos, e com um ataque do coração), e quando foi preciso voltar a mexer na moto, o filho descobriu que o pai tinha escrito uma nota que estava presa no banco dela em que dizia que gostava que a moto ficasse para o filho e que ele a conservasse. A partir daí, e em tributo, ao falecido pai, o filho, com a ajuda de Peter Nettesheim (um expert em Bmws)e outros amigos, decide voltar a pôr a moto tão bonita como no dia em que o pai a comprou nova!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O nosso calendário de 2011



Demorou quase três meses a preparar mas finalmente está pronto, o calendário 2011 de motorizadas clássicas da MotoClássica. A ideia inicial era fazer um calendário que juntasse motos, scooters e motorizadas mas dado o tempo disponível, optou-se por se fazer um só calendário de motorizadas. Com 16 páginas (das quais as 12 do mesmo número de meses do ano podem ser vistas na página do blog visualizável acima e que se chama "O nosso calendário 2011 de motorizadas clássicas"), o calendário é um "must" na casa, ou na garagem, de todo o amante de clássicas que se preze. Encomendas individuais, já com portes de correio incluídos, custam oito euros e encomendas acima de cinco unidades, sete euros/unidade. Para mais informações ou pedidos, pode contactar-se a MotoClássica pelo mail poliveira998@gmail.com ou o telefone 91.2536501.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Mayal EFS "ressuscitada" da Caparica

Bruno Silva, da Charneca da Caparica, conta participar no mega-encontro de motorizadas de Fátima com esta Mayal EFS Sport de 1956. A máquina ainda está a ser restaurada mas Bruno mostra-se confiante que até Junho vai tê-la pronta. "Tenho tudo organizado", diz ele, "E só com um grande azar é que ela não fica pronta, mas se tal for o caso, tenho outras "princesas" de reserva que também gostavam de ir". Bruno adquiriu a Mayal há relativamente pouco tempo e foi um daqueles casos de paixão à primeira vista. Um colega de trabalho foi a um ferro velho à procura de uma panela de ferro e viu a Mayal encostada a um canto. Sabendo como Bruno é "apanhado" por motorizadas e motos clássicas, no dia seguinte disse-lhe do achado e passado pouco tempo Bruno, com o amigo, estava no ferro-velho para conhecer a "beleza". "Quando a vi", diz ele, "disse logo para mim que ela ia ter que ser minha e logo nesse dia trouxe-a para casa. E para ela não vir sozinha, ainda trouxe outra "princesa", uma Saxonette Minor. Agora é pô-la bonita como ela já foi. Vai demorar um bocadinho mas hei-de conseguir".


À procura da Falcão

Na MotoClássica, entre outras coisas, gostamos de nos pôr por aí a xeretar temas nacionais bem velhinhos e um dos que estavam na calha já há alguns meses era a Famel Falcão (sobre a qual estamos a preparar uma ficha para a próxima Dmc, a 29). Para falar a bem da verdade, quando decidimos falar alguma coisa sobre ela sabíamos pouco ou nada deste modelo da Famel, mas pouco a pouco - procura aqui, pergunta dali - a coisa já se foi compondo e neste momento a ficha já tem "cara de gente". Apesar de ter sido produzida em quantidades relativamente pequenas comparado com outras motorizadas nacionais da sua época ou mesmo mais antigas como a Famel Foguete ou a Cruzador, a Falcão é também um marco da história das duas rodas nacionais do final dos anos 50, começo dos 60 e tudo o que já conseguimos e ainda se vier a conseguir desvendar sobre ela é "bué" interessante. A Falcão, porém, não é só interessante por já ser histórica. Ela é rara também. Pelas nossas contas só já há uns 40 a 50 exemplares por aí o que não chega nem a 1% das que se fabricaram ao longo dos cinco-seis anos em que ela esteve em produção!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os maratonistas de Valpaços


Trás os Montes é outra daquelas regiões que fazem de Portugal um país bué bué para passeios de moto. Como diz o seu nome, fica situada "atrás dos montes". Demora-se a lá chegar, e demora-se a vir de lá. Mas nada que assuste os homens das 50tinhas valpacenses, um grupo de entusiastas de motos e motorizadas antigas de Valpaços que para além de gostarem de "senhoras", gostam também de fazer passeios, e não se assustam com as subidas e as descidas serranas. De tal forma que, depois de uns quantos deles já terem vindo a Fátima no ano passado em peregrinação, este ano estão a preparar-se para vir em força ao mega-encontro de Junho. Miguel Conveniente, do grupo, mostra-se optimista que ainda vai conseguir trazer 15 a 20 conterrâneos. "Tenho estado a divulgar o encontro no nosso grupo mas penso que ainda vão aparecer pessoas que nunca participaram em nenhum dos nossos passeios. Pelo menos há malta aí a restaurar 50s como nunca houve. São quase 400 quilómetros de ida e outro tanto para voltar, mas faz-se bem. Somos gente rija!".

Carlos e a sua Honda já estão prontos


Carlos Pinto, da Ondacoimbra, já se tinha denotado o ano passado quando participou no Por Montes e Vales, o maior passeio de resistência de clássicas da Península Ibérica numa pequena Honda CD50 dos anos 70 a qual para surpresa geral se revelou uma das máquinas mais fiáveis com melhor desempenho do passeio. Depois de tantos quilómetros - mais de 1000 - nessa pequena-grande aventura, poder-se-ia pensar que este ano tanto Carlos como a sua CD iriam fazer-se menos à estrada, mas não. Passados poucos dias da abertura das pré-inscrições para o Todos a Fátima, o ex-corredor e grande hondista (a sua colecção particular conta com algumas das Hondas mais raras que há em Portugal), fez questão de já se inscrever com esta sua maravilha. Nas suas palavras, "Tanto eu como ela (a CD), já estamos prontos. Já tive a ver as estradas secundárias daqui de Coimbra para Fátima e vai ser canjoca. Entre ir e vir são uns 200 quilómetros. Só o ir e vir já é bom. Isto, mais o estar em Fátima, conhecer uma data de gente ligada também às motos e poder participar no recorde do mundo, vai fazer deste 11 de Junho um daqueles dias muito especiais".

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A Florett campeã

As aventuras da Kreidler nos começos do campeonato mundial de velocidade são mais ou menos conhecidas, mas só mais ou menos mesmo. Dos vários fabricantes europeus de motorizadas dos anos 60, a marca alemã foi, de longe, a que melhor viu o potencial do campeonato para promover a marca quando a FIM, em 1961, decidiu criar uma categoria no campeonato mundial para estas cilindradas. As duas outras marcas alemãs de maior renome internacional nesta cilindrada, a Sachs e a Zundapp já não estavam em muito boas condições financeiras e as marcas italianas não tinham dimensão para custear uma temporada inteira com sete ou oito provas, cada uma num país diferente. O que os homens da Kreidler pensaram, muito inteligentemente, foi que quanto mais conseguissem que a sua moto se parecesse com uma Florett, mais dividendos tiravam da sua participação no mundial. E assim foi. O motor da máquina era baseado no da Florett normal mas com umas grandes alterações como o carburador, a cabeça do motor, os pistons e até a caixa (que passou das quatro velocidades de fábrica para quatro vezes três!). Graças a todas estas alterações, enquanto a Florett normal tinha 3,5cv e uma velocidade máxima de 65 km/hora, a sua "irmã" de competição tinha 8,1cv a 12.000 rpm e a velocidade de ponta era de quase 120 kms/hora. Mas o mais curioso era o depósito e o resto da carroçaria da moto. O desenho original da carroçaria da máquina não tinha nada a ver com a Florett normal mas a direcção da Kreidler fez questão que fosse feita uma nova carroçaria a imitar o mais possível a Florett normal. Isto fez com que durante muito tempo, muita gente pensasse que a Florett de competição era, basicamente, uma Florett igual às que se vendiam nas lojas, apenas com pequenas modificações!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A primeira grande "bomba" da Peugeot

Quando a guerra mundial de 1914-18 eclodiu, o mundo das motos de corrida estava no auge. Tanto na Europa como nos Estados Unidos, várias marcas investiam o dinheiro que tinham e o que não tinham para terem a moto mais rápida senão do mundo, pelo menos do seu continente. Nos Estados Unidos, o supra-sumo era a Indian V Twin de oito válvulas que era realmente muito avançada para o seu tempo e que desde o seu lançamento em 1912 até à guerra, era a moto que detinha mais recordes oficiais de velocidade. Na Europa não havia nada que se lhe chegasse perto mas das várias marcas que tentaram aproximar-se dela, a que talvez tenha chegado mais longe foi a Peugeot com esta sua também V Twin, de 500cc e válvulas laterais. A máquina era provavelmente o que havia de mais rápido no velho continente na altura, mas para a Peugeot isso não chegava e passado pouco tempo, a sua V Twin deixou de participar em provas e foi substituída por uma quadricilíndrica em V (ou V Double Twin como dizem os ingleses) com dupla árvore de cames à cabeça, e ainda com uma suspensão dianteira de paralelogramos duplos. A moto era tão avançada que não só rapidamente destronou a Indian do pódio de moto mais rápida do mundo como se manteve o "benchmark" das motos de competição e de recordes de velocidade durante quase 10 anos, até ao final dos anos 20, quando aparecerem a Rondine e as outras "bombas" italianas de cilindros deitados que viriam dominar o mundo dos recordes na década de 30.



segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O descanso dos guerreiros

Nos finalmentes do que vai ser o maior artigo da próxima MotoClássica - um levantamento bastante completo do que foi a espectacular história dos primeiros 40 anos da Yamaha no mundo das competições de velocidade em duas rodas - descobri esta foto que me surpreendeu. Já tinha seleccionado umas quantas para o artigo e quase todas eram, ou melhor são, de motos. Faltava-me uma do Kent Andersson e queria algo diferente, algo que me mostrasse uma TA - a moto em que ele correu e foi campeão do mundo nas 125 - no meio das florestas da terra dele ou então algo onde se visse o Kent mas sem estar sentado numa moto. Só me apareciam fotos dele a correr mas de repente apareceu-me esta. Era do Grande Prémio da Finlândia de 1966, uma prova em que o Kent já terá participado tanto em 125 como em 250, e não tinha motos como eu queria, mas como ele não estava na foto, a minha primeira reação foi ignorá-la. Quando, porém, ia a fazê-lo, "descobri" que o Giacomo Agostini era um dos quatro homens que aparecia na foto e aí acenderam-se as sirenes de alarme. A foto era do Grande Prémio da Finlândia e pela fisionimia do grande campeão italiano via-se que na época - o ano era 1966 - ele ainda estava a dar os primeiros passos na MV Agusta. Agostini já corria tanto nas 350 e 500 e no final do campeonato desse ano iria sagrar-se, pela primeira vez, campeão do mundo, nas 500. Só isso já faria a foto interessante, mas há mais. É que os outros três pilotos que estão com ele são, também eles, grandes campeões. O homem da frente é Phil Read que na altura era o piloto-chefe da Yamaha e já tinha ganho dois campeonatos do mundo, nas 250, e ainda iria ganhar mais três. O homem em segundo plano ao centro, com a tshirt à mostra é Mike Hailwood, que na altura já tinha quatro títulos do mundo e que nessa temporada iria ganhar mais dois, ambos pela Honda, nas 250 e nas 350. E, por último mas não menos importante, há ainda, também em segundo plano e à esquerda de Hailwood, Bill Ivy que fazia equipa com Phil Read e que no ano seguinte seria campeão do mundo em 125cc. O Kent naõ estava lá, mas que grande foto!

domingo, 9 de janeiro de 2011

O "exército" dos Motoms


Embora seja sabido que o Minho é uma das regiões de Portugal com um melhor acervo de "senhoras" de duas rodas, pouca gente sabe que uma das preciosidades da região é o número de Motoms que ainda por lá há, e muitos deles em bom estado. Dos cerca de 100 a 120 que haverá em Portugal, a maior parte está no Minho e destes, a grande maioria está em Viana do Castelo ou próximo disso. A marca vendeu-se bem por aquelas terras mas, tão importante como isso tem sido o trabalho de preservação e incentivo ao restauro levado a cabo pela Associação das Bielas Velhas de Viana cujos sócios, só entre eles, terão mais de 60. E como a marca se tornou num ex-libris da Associação, os "bianenses" estão a pensar aproveitar o Todos a Fátima para descerem cá abaixo com um pequeno exército de Motoms. "Ainda não sabemos ao certo quantas irão", diz José Albino, da direcção da associação, "Mas vão ser umas quantas. Talvez 10, talvez 15, talvez 20. E, se tudo correr bem, elas vão todas, ou quase todas, a rolar daqui de Viana. Com elas, mais as Xfs - há também um grupo de associados que quer ir de Xfs - e os outros, ainda somos capazes de ser uns 30 ou 40. Viana vai estar presente (em Fátima) e bem presente".

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A mini-Honda e a companheira

Nuno Freire, de Oeiras, anda de moto já desde muito jovem mas sua máquina de toda a vida foi sempre a mini-Honda azul e branca de mudanças automáticas da foto, a qual já está na família desde meados da década de 70. Nuno gosta tanto da moto que quando chega a primavera até se dá ao luxo de muitas vezes ir nela para o seu local de trabalho o qual ainda dista uns quilómetros de sua casa. A história do Todos a Fátima, porém, veio alterar-lhe as voltas. Inicialmente estava a pensar ir na mini-Honda com um amigo, o Vitór Pessoa de Sacavém também ele com a "pancada" das mini-Hondas, mas depois a irmã do Nuno, a Carla, também se começou a entusiasmar por vir, e ele e o amigo, não fizeram mais nada: cada um comprou uma motorizada "made in Portugal" dos anos 70, ele a SIS Motozax que se vê atrás da mini-Honda e o Vitór uma Fuego e assim vão os três montados, a Carla na mini-Honda e eles de motorizadas. "Nunca tinha tido uma motorizada", diz ele, "Mas assim já tenho uma e cada um de nós vai na sua máquina. E ainda tenho a sorte dela (a Motozax) ser azul, como a mini-Honda. Fica tudo em família".

O camião que pode levar 50 "senhoras"

Já com vários anos de experiência nestas coisas de peregrinações de motorizadas a Fátima, os homens do Grupo Motard T'Atestar não brincam em serviço e já desde há alguns meses que estão a preparar ao mais pequeno promenor a sua participação no "Todos a Fátima". Normalmente, as suas idas contam com 50 a 60 participantes, mas este ano, Tó Mané Ramalhinho, o impulsionador do Grupo, conta levar mais. E como no meio de tanta gente poderá haver uns quantos para os quais ir a "cavalo" pode ser cansativo demais, vai ser preciso algum transporte de apoio. Normalmente esse transporte seria a carrinha Mercedes que o Grupo tem mas este ano, como é especial, está previsto um segundo "apoio" que não é nada mais nada menos que um semi-reboque de carga capaz de levar até 50 motorizadas em cima. "Ainda não sabemos quantos participantes ao certo vamos ter do Grupo e outros que se queiram juntar a ´nós", diz Tó Mané, "Mas se além dos que vamos a rodar, houver uns 10, ou 20, ou 30 que prefiram ir de carro, não é por isso que eles não vão participar no encontro. Entre os que vão por estrada e os que vão de reboque, contamos levar 100 a 120 máquinas".

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A "descoberta" do senhor Manuel Irío

Manuel Irío é um "jovem" de 66 anos com uma oficina, de motorizadas, bicicletas e motoserras, na aldeia de São Bartolomeu do Outeiro, no concelho de Portel, toda a vida trabalhou ligado às duas rodas. E pelas suas mãos já passaram centenas e centenas de motorizadas, ciclomotores e bicicletas de todos os tipos e feitios. Mas, apesar disso, ainda se consegue surpreender a si próprio , como aconteceu há uns dias atrás, quando descobriu que um ciclomotor em muito mau
estado que comprou recentemente, tinha um quadro da Famel e o motor Sachs. Tudo estaria "numa boa" se fosse sabido que a Famel usou motores Sachs mas tanto quanto sei, nunca usou tais motores. A confirmar-se isto, o que teríamos aqui seria um "enxerto", uma Famel (o quadro, esse não engana) que inicialmente teria tido um outro motor e ao qual em determinada altura da sua vida o seu motor original
teria sido trocado por um motor Sachs. Podia ser mas não há nem no motor nem no quadro quaisquer sinais de "remendos" e segundo o anterior dono da máquina, ela sempre foi assim desde que ele a comprou, como nova. Como diria o grande Fernando Peça nos seus tempos de repórter de rua de casos insólitos, "E esta, heim?"! Ps O banco, assim como o depósito originais estão a ser arranjados. Os que aqui se podem ver são "emprestados" até os verdadeiros estarem prontos.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A acabar o ano com o padre Zé Fernando e outra malta (muita) fixe!

Vésperas de Natal, Ano novo, Páscoa e outras datas festivas, para mim é sinónimo de andar por aí. Se possível de moto, mas, mais importante que isso, é o ver e visitar amigos. Aqueles que, por um motivo ou outro, a gente só pode ver muito de vez em quando. E desta feita, os meus destinos foram - entre outros - a Beira Baixa, mais propriamente Tinalhas, a terra do Grupo Motard T'Atestar que, sob a liderança de Tó Mané Ramalhinho, tem posto aquela região de Portugal a viver, e em força, o espírito das "senhoras". Com um dia de encomenda, os amigos de Tinalhas organizaram um bom dum almoço onde se falou de motos e motos, mas não só. Entre a malta presente - apenas um número restrito dos já quase 100 membros do Grupo - encontrava-se um homem de quem já tinha ouvido falar, e muito, mas que ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer, o padre Zé Fernando, mais conhecido como o "padre motard". Um homem que, para além de também gostar de motos, tem o dom da palavra, e fala de temas espirituais como quem fala de V5s, Xf17s, depósitos de gasolina, cilindros ou conta-quilómetros. Com um à-vontade que dá gosto ouvir e pedir por mais. Com um pouco de sorte, e vamos torcer por isso, vamos puder contar com ele no Todos a Fátima. Quem manda lá em cima, assim o permita.

sábado, 1 de janeiro de 2011

A cinquentinha que vai deixar a KLT na garagem

Até agora, quando Rui Cândido, um alentejano da aldeia de Santana, no concelho de Portel, queria fazer viagens de moto, tudo o que tinha a fazer era preparar a sua BMW KLT de 1200cc, verificar se ela estava em ordem, e fazer-se à estrada Seja para viagens de umas horas, uns dias, ou umas semanas, Rui não a troca, ou não trocava, por nada. E "não a trocava" porque com a história do Todos a Fátima, começou a combinar, meio na brincadeira, com uma série de amigos das motos grandes irem todos a Fátima em 50s clássicas. A conversa foi andando e o certo é que todos eles já têm uma "senhora" e estão a preparar-se mesmo para ir ao mega-encontro. Rui arranjou uma Yamaha RZ50 de 1991 e se tudo correr bem, é nela que vai. Ainda lhe faltam umas peças (nomeadamente a óptica, a semi-carenagem, e as rodas) e uma pintura à séria, para ela ficar como nova, mas Rui não se mostra preocupado. "Ainda temos seis meses", diz ele, "E até Junho seja cá em Portugal seja lá fora, tenho quase a certeza que vou encontrar o que me falta e ainda conseguir que ela seja pintada. Depois, depois é ir. Há muitos anos que não faço uma viagem numa coisa tão pequenina mas isto faz-me voltar atrás na minha vida quando comecei a andar de moto e ir a Fátima nela é quase como voltar a ter 16 ou 17 anos"!