domingo, 24 de abril de 2011

As surpresas do sr Apolinário

Até há pouco tempo atrás, Guilhabreu era para mim pouco mais que uma simpática aldeia situada a norte do Porto, algures entre Vila do Conde e Castelo da Maia, onde ainda se vive muito da agricultura. Graças, no entanto, a ter tido a oportunidade de conhecer um guilhabreusense de adopção, o sr Apolinário, ou Apolinário Costa de seu nome completo, a minha imagem desta bucólica terra mudou, e de que maneira. E isto porque o sr Apolinário, um apaixonado por tudo o que seja antigo em geral e motos antigas em particular é uma surpresa viva em matéria de duas rodas. Já um bom bocado para lá dos 60, o sr Apolinário desde há muito que se pôs a colecionar motos antigas o que faz com que tenha conseguido juntar uma respeitável colecção de antiguidades nesta área que pouca gente terá, incluindo alguns modelos muito raros de marcas como a Cruzador e a Pachancho do começo dos anos 60, e exemplares quase únicos de outras mais recentes como duas Mayal dos anos 60, duas Famel Foguete especiais, uma das primeiras Macal e outras. Todas restauradas por ele nas horas vagas, e todas a trabalhar. Mas isto não é tudo. Desde há uns anos a esta parte, o sr Apolinário sofre de um problema de artroses nas pernas que o deixou seriamente debilitado dos membros inferiores. Pois em vez de se deixar abater e virar as costas aos restauros, ele não fez mais nada senão dar uma volta completa na sua oficina e adaptou-a para poder continuar a fazer os restauros a partir da sua cadeira de rodas. No próximo número já não, mas no outro a seguir, que deverá sair no final de Maio contamos ter um bom artigo sobre as suas preciosidades.

Mais um Abragão com muitos espanhóis

O número de participantes foi um pouco inferior ao da última edição, mas o Sexto Passeio de Abragão, organizado pela Casa do Povo de Abragão, no concelho de Penafiel, manteve os pergaminhos das edições anteriores nomeadamente no ter quase 100 participantes todos com motos acima dos 50cc, e no ter uma qualidade cinco estrelas em matéria de percurso, gastronomia e outras coisas. Com um percurso serrano de cerca de 300 quilómetros, a edição deste ano levou os participantes a lugares como a Serra de Montemuro e da Gralheira nas faldas do Douro por esrtadas e caminhos secundários desconhecidos de muita gente. Entre as dezenas de participantes, contavam-se meia dúzia de "señoras" espanholas das quais a da foto, a Andreya, era simultaneamente um dos participantes mais jovens do Passeio a um dos que levava uma das máquinas ibéricas mais antigas, uma Montesa do começo dos anos 60.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A história da Casal do Vasco

Todos aqueles que conhecem a revista desde o seu começo que saberão que quase desde o primeiro número que temos tido a preocupação de divulgar sempre que possível restauros. Nuns casos de grandes máqunas noutros de coisas mais pequenas, mas sempre o mais pormenorizado possível e com algum historial ou sobre o que foi a moto ou sobre como é que ela foi parar às mãos do seu proprietário. Nuns casos só conhecemos as motos "á distância", noutros conhecemo-las de mais perto seja porque tivemos a oportunidade de a ver em "carne e osso", ou, melhor ainda, porque tivemos a sorte de acompanhar o seu restauro. A máquina cujo restauro é retratado na próxima edição é um desses casos. É a Casal K185 de Vasco Santos, um trofense que teve a sorte de crescer num meio onde havia três: a do seu futuro cunhado e as de dois amigos dele. Tinha uma grande admiração pelas motos mas nunca pensou poder vir a ter uma. Mas aconteceu. Com a história dos aumentos constantes no preço dos combustíveis, pensou em comprar uma motorizada para passar ir para o trabalho de uma forma mais económica e lembrou-se da K185 do cunhado, que estava num canto lá da garagem dele. O resultado desta ideia é uma verdadeira obra de arte, tão especial e tão bem restaurada que, escusado será dizer, em vez de ser usada no dia-a-dia, só sai cá para fora muito de vez em quando. Mas que quando sai, dá tanto nas vistas, ou mais, que um Porsche ou um Ferrari!
artigos sobre restauros de motos, scooters ou motorizadas.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A surpresa da Figueira da Foz


Mais um grupo para o Todos a Fátima, mais uma surpresa. Este é da Figueira da Foz, chama-se Lentos e Fumarentos e foi formado há muito pouco tempo, há coisa de um ano, tendo como objectivo principal conciliar o restauro de motos com o proporcionar bons momentos de convívio aos seus membros. Apesar da juventude, já tem sede, já tem logotipo - bem engraçado, até, um caracol pachorrento, de capacete, e com dois escapes fumarentos, claro, a sair junto à cauda - e até já tem uma banda sonora própria! Quando lançou a ideia de adesão ao Todos a Fátima junto dos membros há coisa de dois meses atrás, começou com meia dúzia de adesões, depois 20, depois 40 e agora, a duas semanas do fecho das inscrições a preço reduzido, já vai quase em 60.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

À cata das primeiras Famel

Qual é a marca de motorizadas portuguesa que pode ser ainda mais confusa de descortinar que a Vilar, sobretudo no que se refere aos seus primeiros modelos? A Famel, pois. E como o que a gente aqui gosta é de coisas menos simples e fáceis, toca a dedicar a próxima revista exactamente às primeiras Famel. Com preciosas ajudas de norte a sul do país, já conseguimos descobrir cerca de 15 modelos "pré-históricos" da marca, alguns dos quais são completamente diferentes dos outros mas alguns também que só são diferentes em pequenos pormenores como os arrebites do banco, a forma das malas de ferramentas e outras. No meio disto já "descobrimos" algumas raridades, como três Famel Pachancho e outras coisas bonitas. Como aconteceu com a Vilar, não vai ser a prova dos nove de nada mas sim mais um raio de luz num daqueles temas ligados às clássicas onde ainda há muito para descobrir. Se tudo correr bem, daqui a pouco mais de uma semana isso e, muito mais, já está cá fora.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Lá das bandas do Cercali

Graças ao grande interesse que o Todos a Fátima tem vindo a despertar um pouco por todo o país, ultimamente tenho vindo a conhecer dezenas e dezenas de clubes, grupos e particulares ligados ás "senhoras" e que se não fosse este evento, é bem provável que demorasse uns bons anos a descobri-los. Todos eles, independentemente do seu tamanho e origem, são altamente interessantes mas há poucas semanas atrás ia caindo da cadeira, ou quase, quando fui contactado por um, que é do Cercal, uma terra que é quase paredes-meias com a "minha" Sines. É que pelos vistos nem na minha zona conheço toda a gente que gosta de clássicas! O grupo tem o sugestivo nome de "Grupo Motard Rodar-Lento" (um nome bem apropriado para um grupo alentejano, diga-se!) e pelos vistos não é tão pequeno assim pois está a contar levar 30 máquinas a Fátima. Para mim que pensava que as "clássicas" tinham desaparecido daquelas bandas - e na minha infância havia lá tantas! - foi particularmente agradável constatar que afinal ainda se salvaram umas quantas e que também aqui há gente interessada em preservá-las.

Quem disse que eles não lhes ligam?

Em andanças pela região oeste há poucos dias atrás, sempre à cata de clássicas entenda-se, fui ter a uma oficina de motos de que nunca tinha ouvido falar, a Famalimotos, em Famalicão, no concelho da Nazaré. Estava à espera de encontrar uma garagem dedicada à venda de chinesas e, eventualmente, com uma clássica ou outra lá pelo meio, mas nada disso. Logo na entrada do stand, tínhamos uma Vespa clássica impecavelmente restaurada e em exposição o que só por si já era sinal que o dono, o Sr Ezquiel, gostava de "senhoras". Mas o mais interessante estava lá dentro. Realmente tinha umas scooters dos orientes à venda, mas no meio delas, podia ver-se uma mão cheia de motorizadas clássicas, incluindo uma Zundapp Combinette (uma nica da qual se pode ver aqui na foto), uma V5 e uma Vespa 50, tudo de clientes. E como se isso não chegasse, enquanto o Sr Ezquiel andava atarefado de um lado para o outro, cinco miúdos da terra - o Joel, o Iuri, o André, o Filipe, e um outro Filipe - no caminho da escola para casa tinham decidido lá passar, "só para ver as motos". Dois deles, pelo menos, têm motorizada lá em casa e um herdou, ou estaria para herdar, uma motorizada do avô. Com malta nova a interessar-se assim pelas motos e pelas clássicas, é caso para termos poucas dúvidas que a nossa paixão tem futuro!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Entre carros e motos


Como já se adivinhava, a última edição da Motorclássico, que teve lugar na Fil de Lisboa no passado fim de semana, tinha bastantes mais carros que motos mas quem lá foi a pensar em duas rodas não terá vindo embora desiludido. E isto porque para além do agradável que é, sempre, ver-se também carros antigos, ainda por lá havia umas "senhoras", sobretudo japonesas dos anos 70 e 80 mas não só. Luís Botelho, por exemplo, tinha em exposição três espectaculares máquinas da primeira metade do século passado, incluindo uma Bmw 42, o ACP Clássicos tinha duas Nortons dos anos 30 imaculadamente restauradas, uma empresa de Álcacer do Sal pouco conhecida no meio, a Interclássicos, tinha algumas raridades como um ATC 90, a Unique Bikes do Porto também tinha coisas engraçadas, e uma empresa nova de Lisboa, a Pura Pressão, apresentou no evento um processo aparentemente revolucionário de decapagem. Mas como se isto tudo não fosse já razoável, há ainda outro motivo para dizermos que este Motorclássico foi "fixe". É que já a pensar no ano que vem, a Fundação Abel Lacerda, os organizadores do certame, prometem grandes novidades em relação às motos, nomeadamente um espaço - a preços camaradas - só para o pessoal das peças e ainda um leilão de motos a acompanhar o de carros (que já teve lugar este ano e não correu mal para primiera vez). Se isto for para a frente, e a contar com o entusiasmo cada vez maior que se vive também aqui no Sul à volta das clássicas, é possílve que dentro de dois ou três anos tenhamos (também aqui) uma boa feira de motos.

domingo, 10 de abril de 2011

Começou tudo com a Pati


Há aldeias neste nosso país que se a sua importância se medisse pelo dinamismo da terra em motos clássicas, elas (as terras) eram tão ou mais importantes que muitas cidades. O Rebocho é uma dessas terras. Situado a poucos quilómetros de Coruche, a sua população não deve ultrapassar as 500 almas, mas graças a uns quantos carolas e interessados nestas coisas só na terra deve haver umas 50 máquinas de duas rodas ditas já antigas. Entre os vários apaixonados destas coisas, um deles é o Manuel Faustino, mecânico de profissão e habilidoso em Floretts e outras máquinas que tais. Quando o projecto do Todos a Fátima arrancou foi uma das pessoas que contactei para lhe apresentar a ideia e ver se o entusiasmava a estar presente. Na altura, o bom do Manuel disse que não sabia, que ia pensar e que ia ver mas a filha, a Patrícia, ou Pati para os amigos, estava ao seu lado a ouvir a conversa, virou-se para o pai e para mim e, com um sorriso malandro nos olhos disse sem hesitações: "Eu vou". Ficámo-nos por aqui e há uns dias atrás, recebi umas fotos que vinham só com o título "O Grupo do Rebocho". Eram enviadas por ela a qual, à laia das fotos, deixou uma pequena nota em que dizia "Nem todos puderam estar presentes para a foto, mas para já somos 17, e com tendência para aumentar"! Fixe, fixe!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O grupo de Alpiarça

Alpiarça, assim como Almeirim, são duas terras cheias de tradição em matéria de clássicas e onde ainda hoje se podem ver muitas máquinas de duas rodas do antigamente a circular nas ruas mas, tanto num caso como no outro, a grande maioria das "senhoras" são Vespas. Embora não haja nenhum levantamento exaustivo sobre o parque "vespista" nos dois concelhos, pensa-se que só em Alpiarça haverá mais de 100 máquinas e em Almeirim quase outro tanto e tanto num lugar como noutro há clubes, ou núcleos de amigos das Vespas, o mais conhecido dos quais é o Vespáguias de Alpiarça que ainda há poucos dias atrás juntou 170 Vespas no seu encontro anual. Pois pese tudo isto, também há algumas motorizadas antigas na região e os homens do Vespáguias já conseguiram criar um grupo de sete apaixonados destas coisas para o Todos a Fátima. Todos vespistas, ora pois!

terça-feira, 5 de abril de 2011

A oficina da família Pinho

Há já uns bons meses que estava para ir conhecer a garagem da família Pinho, em Fajões, algures entre Oliveira de Azeméis e Arouca. Como ainda fica a uns bons quilómetros das "As" e das "Ns" que mais costumo utilizar nas minhas travessias de norte a sul e de leste a oeste do país para ver motos, não estava fácil e foi sendo adiado e mais adiado até que neste fim de semana, não sei que me deu na tola, disse a mim próprio que tinha mesmo que lá ir e fui. Demorei uma eternidade a lá chegar, mas valeu a pena. Se valeu. A começar pela família Pinho em si, o pai e os filhos, os amigos, e as motos, claro. A sua paixão pelas Xf é conhecida de norte a sul do país. O seu Clube Xf de Fajões tem quase 50 membros e apesar de quando lá fui ser sábado à tarde, e já bem tarde, não só não se parava de trabalhar na oficina como era um entrar e sair de gente, uns que iam só ver o o que o pai e os dois filhos estavam a fazer enquanto outros queriam ir saber se a sua motorizada já estava pronta ou se eles conseguiam arranjar esta ou aquela peça. A bem dizer da verdade, parecia uma boa oficina do antigamente. Cheia de trabalho e cheia de gente bem disposta. Haja mais sábados assim. Ps Na foto acima pode ver-se, o pai (na ponta direita da foto), os dois filhos - Zé, na ponta esquerda e de mãos nos bolsos e o irmão Tomé, ao seu lado - e ainda um dos muitos amigos da casa, Vitór Almeida (que só entre ele e o irmão têm sete Xfs). Ps2 Pelo sim, pelo não, o pai "Pilão" já tem reservados 200 quilos de carne de porco e mais não sei quanto em mantimentos para fazer uma boa almoçarada para a caravana do Clube que vai a Fátima. "Pelo menos 40 vamos ser", diz ele, "Mas até podemos ser 50 ou 60. Nas próximas semanas vamos ver". Uf.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O passeio diferente


Um encontro de motos antigas promovido por uma Junta de Freguesia e de apoio a um clube de futebol? À partida pode parecer algo tão irreal como um bom filme de Pedro Almodovar ou Frederico Fellini em que saímos de lá com a cabeça a andar meio à roda mas, pensando bem, porque não? Terá sido algo parecido com isto que António Parada, o energético presidente da Junta Freguesia de Matosinhos, e um ferveroso adepto das motorizadas clássicas pensou, quando lhe surgiu a ideia de uma manifestação "rolante" de apoio ao clube de futebol da terra, o Leixões. O passeio era aberto a todo o tipo de véiculos mas o senhor presidente fez questão de vir montado na sua Titan Zundapp (a precisar de um bom restauro, diga-se) e ainda teve a acompanhá-lo meia dúzia de outros apaixonados destas coisas lá de Matosinhos. A título de curiosidade, diga-se que o mesmo presidente é um dos três presidentes de juntas de freguesia que estão previstos vir ao encontro de Fátima. No caso de António Parada, vai, ou vem, com um dos cinco grupos de Matosinhos que já se associaram ao "big event".

domingo, 3 de abril de 2011

Perdido, lá no sotão


Um dos programas de televisão dos Estados Unidos que está mais na berra é o "Auction Hunters" que em português e levando em conta o contexto do programa, se poderia traduzir por algo como "Caçadores de Leilões de Garagem". O programa é apresentado por dois homens o Tom e o Allen que parece terem tanto a ver um com o outro como um pastel de nata e um sobreiro do Alentejo. Tom tem um aspecto todo jeitoso - cabelinho bem cortado, barba feita, aspecto atlético - enquanto o Allen parece um beberolas cheio de tatuagens e aspecto meio assustador. Os dois andam pelos Estados Unidos a fora à procura dos chamados leilões de garagem, algo muito popular nos países anglófonos e que na prática consiste na venda de tudo e mais alguma coisa que se tenha na garagem ou no sotão e de que nos queiramos desfazer. A maior parte das vezes as coisas que aparecem não têm grande interesse mas no meio de tudo aquilo tem aparecido, imagine-se uma ou outra moto antiga, como esta Indian do começo do século passado, Harleys dos anos 50 e outras, o que tem feito que um número crescente de coleccionadores de motos comece a estar de olhos postos no pequeno ecrã à espera de aparecer "aquela" pechincha. Será que ninguém neste país de gente esperta e desenrascada quer pegar na ideia e propor a um dos nossos canais de televisão fazer algo similar? Quantas Casais, quantas Sachs, quantas Vespas e quantas Matchless, Triumphs e outras coisas não iriam aparecer?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Preciosidades de Vila Real, procuram-se


Já a pensar na próxima MotoClássica, um dos assuntos que temos previsto falar nela é Vila Real, ou melhor falando as corridas de motos de Vila Real. A "pica" à volta do assunto começou com este homem, Joaquim Maio Marquês, um beirão da primeira metade do século passado. Tinha a paixão das motos e, sem ser nenhum "pró" na matéria, não descansou enquanto um dia, em 1936, não participou em Vila Real. Só ele já dá uma boa história. Mas se outras houver, melhor. Se souber de alguma relacionada com este mítico circuito, somos todos de ouvidos!