quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Preciosidades do outro lado do muro

A acompanhar o crescimento nas vendas da MotoClássica e nas visitas ao blog da revista - só no passado mês de Setembro umas e outras tiveram um crescimento de dois dígitos o que nos tempos actuais é notável - cada vez vamos recebendo mais telefonemas, cartas e mails de leitores sobre algo que lhes aconteceu ligado a clássicas, sobre um novo restauro que estão a fazer ou sobre algum projecto fora do comum. E, apesar de infelizmente, não ser possível publicar tudo o que recebemos, há uns que são um "must" como é o caso da reportagem fotográfica que Miguel Rocha de

Linda-a-Velha preparou para a revista após ter visitado o Museu da Moto da ex-RDA, em Berlim. Apesar de andar sempre com as antenas no ar a tentar aprender e estar informado sobre o que se passa neste mundo das clássicas, tenho que admitir que nunca tinha ouvido falar neste museu. Sabia que a capital alemã tem um dos melhores museus do mundo de automóveis e motos antigas mas um dedicado a um

ex-país como a RDA acho fantástico. Mas o mais fantástico de tudo são as motos que o Miguel "descobriu" no museu, coisas como IWL ou Simsons, oa raríssima MZ 500 ou ainda a MZ da polícia local, a qual parece uma fotocópia das BMW da polícia da Alemanha Federal. Mais um tema cheio de interesse para uma das próximas edições da revista.

Que beleza(s)!

Nos anos 60 não lhes achava muita graça mas nos últimos anos cada vez engraço mais com tudo o que seja triciclos. Este que descobri ontem, porém, é uma classe à parte. É da Kaptein, uma marca holandesa que nos anos 50 e 60 fabricou Motobecanes sob licença e penso que é único a nível mundial, e isto por diversos motivos. Antes de mais porque ao que tudo indica não há nenhum outro triciclo com motor Motobecane, nem em França nem em nenhuma outra parte do mundo. Só num país como a Holanda onde as únicas subidas são o desnível entre as estradas e os passeios é que uma coisa tão fraquinha podia ser pensada para transportar cargas. Depois deve ser dos pouquíssimos triciclos - para não dizer também que seria o único - com pedais. Mas o que mais me atrai nele são as suas linhas. Aqueles guarda-lamas, o depósito, o quadro, o selim e a caixa em madeira., é tudo lindíssimo. Não sei quem o desenhou, mas foi certamente um grande artista!
E passadas umas horas deste post ter ficado online, já se sabe que afinal, pelo menos há outro triciclo com pedais, e também ele muito bonito. É o triciclo Alpino que foi fabricado pela fábrica do mesmo nome, também nos anos 50, e quem a "descobriu" foi Juan Santos, um leitor assíduo do blog e, além disso, um dos principais colecionadores de Alpinos em Portugal. Obrigado Juan.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Henderson Courtney

Embora todas as marcas norte-americanas de motos mereçam respeito e admiração, a Henderson, uma marca criada em 1911 por William "Bill" Henderson e que só se manteve em actividade durante 20 anos, é considerada uma das melhores tanto pelo desempenho dos seus famosos motores de quatro cilindros em linha como por alguns dos seus designs. Esta Henderson da foto, no entanto, está a dar que falar. Trata-se de uma espectacular personalização de uma K J Henderson de 1930 (já da segunda fase da marca em que ela utilizava motores de outros
fabricantes, o desta sendo um Indian de quatro cilindros em linha) concebida em 1936 por Ray Courtney, um designer dos anos 30 e que apesar de ser uma Henderson de corpo e alma, tem o quadro estendido o que a torna ainda mais bonita mas particularmente difícil de conduzir. Sabia-se que a moto tinha sido feita mas pensava-se que ela tinha acabado esquecida num ferro velho ou, pior ainda, transformada em sucata. Para surpresa geal, no entanto, a Henderson Courtney, como é chamada, ressurgiu do nada há poucas semanas atrás no Rhinebeck Meeting, uma feira e encontro de clássicas no estado de Nova Iorque e não só ressurgiu como encontra-se num estado imaculado. O "milagre" deve-se a Frank Westfall, um alfaiate da cidade de Syracuse, também no mesmo estado, o qual teve a oportunidade de comprar a moto a um particular há uns 10 anos atrás e restaurou-a no maior segredo.
Mas Frank não se limitou a mostrar a moto. Deu-se também ao luxo de mostrar que ela funciona dando uma série de voltas no recinto do encontro para satisfazer o gáudio de tudo e todos. O surgimento da moto foi de tal modo uma surpresa que Frank não já teve direito a entrevistas em jornais e televisões nacionais como várias ofertas para a comprar. Mas, pelo menos para já, parece que ele não está a pensar vendê-la. "Um potencial comprador convencido que o dinheiro faz tudo", diz ele, "Entrou na minha alfaiataria, abriu um livro de cheques e perguntou-me que valor eu queria que ele escrevesse no cheque para a levar. Quase que o insultei. Será que esta gente não percebe que há motos que para quem as restaura são muito mais que um número?"

Será que isto das clássicas tem futuro?

Volta não volta, sou abordado por apaixonados das motos e motorizadas clássicas que me indagam se eu acho que a actual febre pelas "senhoras" é coisa passageira ou para durar. A minha resposta é que com base no que vemos noutros países europeus mais avançados que nós, esta "doença" ainda está para durar mas o que o McPhearson College nos Estados Unidos decidiu fazer, tirou-me quaisquer dúvidas que eu ainda pudesse tirar. Sedeado no estado do Kansas, este colégio há mais de 30 anos que tem um curso superior sobre o restauro de automóveis, os seus formandos nesta área tendo quase colocação automática quando se formam. Pois o dito colégio, após estudar durante anos esta "área" dos restauros em pormenor, chegou agora à conclusão que tinha que abrir um outro curso de restauros, para motos! Segundo o site do colégio( www.mcphearson.edu), o restauro de motos está a tornar-se de tal modo popular que o colégio não tinha alternativa senão criar um curso superior dedicado a este tipo de restauros. Com quatro anos de duração, o curso vai ter uma componente teórica e outra prática e entre os temos que vão ser leccionados numa e outra conta-se a história do motociclismo, as motos americanas, as inglesas, as japonesas, a evolução do design das motos, o restauro de motores, as suspensões, os sistemas eléctricos, e outros. E, caso alguém ainda possa ter dúvidas, se um curso desta natureza tem mercado, talvez ajude saber-se que o primeiro ano já não tem vagas!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Só falta a mãe

Sara, a míuda da direita na foto, nunca tinha achado graça a motos. Como a maior parte dos jovens da sua idade, os seus interesses seriam mais ligados à internet, jogos de computador e iPods em vez de "ferros velhos". Mas um dia "descobriu" que o vizinho Filpe, o "jovem" do meio, tinha uma Casal Boss, personalizada e "muita gira"! Lá em casa dela não havia nenhuma Boss e o pai, à esquerda na foto, a princípio não se entusiasmou muito com a ideia pelo que tudo indicava que a paixão não ia passar disso. Há uns meses atrás, porém, apareceu na região, em Monção, uma Boss para venda e o pai não só a comprou como, com a ajuda de familiares, conseguiu fazer dela uma irmã-gémea da Boss do amigo Filipe. O problema foi que no dia em que a Boss ficou pronta, pai e filha foram experimentá-la, sem capacetes e outros "acessórios", mas tiveram tanto azar que foram apanhados por um senhor do boné menos simpático que lhes passou uma daquelas multas de doer, de 500 euros. E a mãe? Pois a mãe, apesar de não aparecer na foto, é quem manda mais nesta história toda. Talvez já não achando muita graça a isto das motos, quando soube da multa, simplesmente proíbiu a Boss de voltar a saír à rua pelo que tanto trabalhinho e sacrifício estão agora a apanhar pó. Uma pena, até porque a Boss da sua filha é mesmo "muita gira", mãe!

domingo, 26 de setembro de 2010

As belas e a extra-terrestre


Qualquer saída daqui na capital do betão, implica sempre fazer alguma nova descoberta sobre motos clássicas e a mini-viagem que fiz este fim de semana ao Minho - para acompanhar a quarta edição do passeio de bicicletas clássicas de Cavalões e começar a pesquisar o tema das Pachancho que vai ser capa da Moto Clássica de Outubro - não foi diferente. Estava eu a chegar a Famalicão à procura de lugar para estacionar a "burrinha", quando me deparo com um estacionamento exclusivo para motos. "Estupendo", pensei eu, "Aqui não tenho problemas". Parei, desliguei o motor, tirei o capacete e as luvas, pus-me a pé para ir à procura das bicicletas e olhei para o meu lado - como sempre faço nestas situações - para ver quem eram as outras máquinas que lá estavam. Eram umas seis e numa situação destas, se uma delas já tivesse alguma idade, já ficava todo contente, mas aqui em Famalicão, o que tinha à minha espera era bem diferente. É que das seis, cinco eram clássicas - incluindo uma V5, uma Lebre de segunda geração, uma Yamaha 50, uma Macal e uma EFS 220 - e nenhuma delas estava ali para alguma exposição. Via-se que eram todas máquinas do dia-a-dia. A única excepção era a outra moto, uma Yamaha 125 preta, cuja frente aparece em primeiro plano na foto. É que apesar de não ser propriamente feia, parecia um extra-terrestre na paisagem. É quase caso para perguntar se ela não se tinha enganado e não devia estar noutro estacionamento, e noutro tempo?

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A bobber Triple


Quando os soldados americanos voltaram para os Estados Unidos no fim da segunda guerra mundial, muitos dos que gostavam de motos vinham impressionados com as motos europeias, claramente mais leves e com melhor relação peso/potência que as Harleys locais. Foi então que alguns deles se lembraram de começar a descascar as motos locais, tirando-lhe os guarda-lamas da frente e cortando o de trás, substituindo o depósito de gasolina por algo minimalista, o banco por pequenos selins, e outras coisas, e isto tudo sem mexerem no quadro ou no garfo e sem grandes preocupações de acabamentos. Foi assim que nasceram as bobbers que com o passar dos tempos vieram a tornar-se, como as choppers também mas mais tarde, num sinal de liberdade e rebeldia. De então para cá este tipo de motos evoluíu muito pouco mas paralelamente a elas, que nunca tiveram pretensões de serem brilhantes, bem pintadas e cheias de cromados, nasceram as neo-bobbers que aparentemente são bobbers mas que na prática já têm um (discreto) ar sofisticado. A deste video é uma delas, e baseia-numa Triumph Trident de 1974 que foi toda descascadinha mas que entretanto, recebeu algumas peças minimalistas de luxo como o selim, o guarda-lams traseiro e que também "ganhou" uns bons quilos de cromados. Um sonho de moto que vai hoje (sábado) a leilão no eBay e cujo preço-base está em 10.000 dólares. Uma pechincha para carteiras bem recheadas.

Von Dutch


Terra de artistas, Portugal tem uma boa dúzia de excelentes pintores de motos clássicas personalizadas mas a maior parte deles, para não dizer todos, são artitstas de corpo e alma. Preocupam-se com o seu trabalho mas o seu espírito empreendedor não é lá muito desenvolvido. Mas não tem que ser assim. É o que se pode concluir da brilhante carreira de um colega de arte, conhecido como Von Dutch que já morreu há 20 anos mas cujo fantástico trabalho só começa agora a ser conhecida fora dos Estados Unidos onde viveu grande parte da sua vida. Holandês de nascimento, emigrou cedo para os States e embora nunca se tenha preocupado muito em estudar, era um artista nato e de grande talento, e muito do que fazia era relacionado com motos e automóveis antigos. Entre outras artes, especializou-se em pinturas personalizadas de motos e automóveis clássicos, assim como de capacetes, bonés, blusões, tshirts e outros artigos relacionados com este mundo. E apesar do seu trabalho, como o da maior parte dos artistas, ser muito artesanal, conseguiu criar uma empresa para comercializar uma boa parte dos seus trabalhos, sobretudo os de capacetes, bonés e outras roupas "personalizadas" que, antes dele morrer em 1992, já facturava milhões de dólares e tinha filiais no Japáo, Reino Unido e outros países. O principal trabalho de arte ligado às motos pelo qual vai provavelmente ficar conhecido para sempre não era uma moto mas um capacete, tipo medieval e onde ele ia gravando os nomes das motos que foi tendo ao longo da vida. E onde ainda arranjou lugar para colocar uma chupeta de bebé no topo em sinal de desafio às leis da Califórnia que foram das primeiras nos Estados Unidos a obrigar os motociclistas a usar capacete. Era de tal maneira simbólico do seu trabalho, e da sua pessoa, que quando foi vendido num leilão pela sua filha após a sua morte, foi arrematado por mais de 40.000 dólares

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

E esta?

Decididamente, acho que está na altura de ir à bruxa. Só pode. É que nestes últimos dias só me aparecem mistérios pela frente. Há uns dias atrás foi a Sachs 98 do Passeio das Neves que, apesar de todas as ajudas de dois dos principais experts nacionais nestas matérias - o Carlos Martins e o Carlos Couceiro - ainda não se conseguiu desvendar totalmente. Ontem foi a "descoberta" de um pseudo-protótipo de uma Tourist 104 de que nem o Kalus Schulz, o presidente dos Amigos da Heinkel sabia. E hoje é esta, uma das várias motos raras que apareceram no Passeio da Vagueira (de que iremos falar na Moto Clássica 27). Tem escrito no depósito, e por baixo da óptica o nome "Sissy", e o motor é um Sachs de turbina. Pela pinta é estrangeira e do final dos anos 50, e até já descobri que é mais uma preciosidade do Sr Augusto, de Arcozelo da Maia, mas que raio de coisa será isto? Ca nervos!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A primeira e a última, ou talvez não

Aos poucos, começa a ver-se a luz no fim do túnel de mais uma edição da revista, a de Setembro. A capa ficou pronta ontem (e se tudo correr bem vamos pô-la online aqui no blog hoje à tarde), o maior artigo que jamais fizemos da revista desde que ela existe (sobre a colecção de scooters de João Seixas) também, e o artigo do tema da capa, sobre a Heinkel idem idem aspas aspas. Foi um dia em cheio, em termos de trabalho, e com algumas agradáveis surpresas pelo meio, nomeadamente na preparação deste último artigo. Uma delas, ou duas, foram duas descobertas fotográfics que fiz e que mesmo para muitos tiffosi das Heinkel vão ser novidade. A de cima é uma foto do primeiríssimo protótipo da Heinkel Tourist. É de 1949,

já tem muitas semelhanças com as futuras Heinkel que, misteriosamente, só começaram a ser produzidas em 1953, quatro anos depois! A outra, porém, não é menos intrigante. Foi vendida recentemente no eBay e é suposto ser a única fotografia existente de um protótipo que a Heinkel teria feito para substituir a Tourist 103 A2, a última scooter da marca. Como até ao surgimento público desta foto ninguém sabia deste eventual projecto, escusado será dizer que, sobretudo na Alemanha mas não só, há debates e mais debates sobre a veracidade do projecto, e da foto. Tudo seria fácil se ela se parecesse com alguma outra scooter mas, curiosamente, e para dar mais tempero aos debates, não há nada igual a ela. Até se chegar a uma conclusão, fica a dúvida. Será ou não será?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Temos homem

Mário Domingues, um sadino de gema, toda a vida teve motos. Começou antes do 25 de Abril e nunca deixou de andar mas os seus gostos foram sempre para motos modernas. A mais recente de todas é uma bonita Harley Sportser toda moderna com que faz, ele e a sua Manuela, quilómetros e quilómetros. Há coisa de dois anos atrás, porém, descobriu que além das motos modernas havia umas outras chamadas "clássicas". Sempre na sua Sportser, um dia foi ver um passeio de "senhoras" aqui, depois uma exposição ali e aquilo começou a mexer-lhe na cabeça. A tal ponto que há poucos meses atrás quando descobriu uma EFS 125 com motor Puch algures para as bandas de Viseu igualzinha a uma que tinha tido na segunda metade dos anos 70, foi paixão à primeira vista. Comprou-a, restaurou-a aos mais pequenos pormenores (incluindo a suspensão traseira a gás) e no domingo passado trouxe-a, todo orgulhoso, ao seu primeiro passeio de clássicas, no Pinhal Novo. Tinha lá uma série de outras motos bonitas (entre as quais a Gilera CX da foto junto, que, para mim pelo menos, foi uma completa surpresa) mas o amigo Mário, e a EFS, foram, sem dúvidas, um dos acontecimentos do dia. O pior é que, ao que parece, a "doença" não vai ficar por aqui. Apesar da EFS ter ainda poucos quilómetros nas suas mãos, consta que ele já anda à procura de uma outra "senhora", uma 50. Fuogo!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Segredos de Estarreja

Nos anos 60 e 70, Estarreja, como todos os outros concelhos do distrito de Aveiro, teve muitas motorizadas. Depois, ficou rico, ficou "europeu", as pessoas compraram carros e as motorizadas desapareceram das ruas. E como até agora não se tinha realizado na terra nenhum passeio de clássicas, a maior parte das pessoas pensava que elas tinham desaparecido da terra. Mas afinal a verdade é bem diferente. E tudo porque um grupo de amigos do concelho teve a brilhante ideia de fazer um passeio, integrado na Semana Cultural de Canelas.
Contamos ter na Moto Clássica 27 uma reportagem mais desenvolvida sobre as várias maravilhas que lá estiveram, e que muito nos surpreenderam, mas só para abrir o apetite aqui ficam duas fotos que as ilustram bem. Na primeira pode ver-se duas SIS Sachs V5 de Turismo, uma de primeira geração, impecs, quase a parecer que saíram da fábrica da SIS uns dias antes, enquanto na outra pode ver-se uma estrangeira, uma Gilera 50 Trial, também impec e, ao seu lado e meio escondida, uma Carina S170, também com muito bom aspecto. Parabéns Estarreja!

domingo, 19 de setembro de 2010

A Volksmotorrad e outras maluqueiras

Á semelhança do que acontece com os automóveis clássicos, nas motos antigas, além da restauração, há quem se dedique também a personalizações e/ou à construção de réplicas personalizadas. Em Portugal, sobretudo no Algarve e no Alentejo há cada vez mais gente a dedicar-se a esta arte, em particular com as matérias primas nacionais que é como quem diz com SIS Sachs, Casal e Famel e outras 50ccs primas delas, mas lá fora, sobretudo, nos Estados Unidos, "joga-se"
noutra liga. As personalizações são sobretudo de motos grandes e nos Estados Unidos em particular, quando a carteira ajuda, a imaginação é o limite. A de que se fala actualmente é esta "Volksmotorrad", uma criação de um nova-iorquino que
fez uma moto com pinta de militar da segunda guerramundial com motor, pneus e caixa de um carocha e que foi vendida há pouco tempo no ebay por perto de 20.000 dólares. Mas há mais, muito mais, e hoje, em honra a este "éspecie" rara e especial, fui "á pesca" de mais umas quantas do género. A moto amarela, para além do seu

aspecto visual do século XXII, tem ainda a particularidade de ter mais de dois metros de distância entre os eixos. O seu nome, também ele uma criatividade, é slug" que, traduzido à letra significa lesma. A "cromada" para mim é antes de mais um (bonito)
trabalho de arte de cromados que por acaso tem duas rodas. Foi criada no Japão e parece que já foi usada num filme de ficção científica. Só em cromados tem mais de 5000 euros em cima. A K Future é um estudo futurista com o motor de uma Bmw K. baseada numa Harley "carroçada" com looks de um Cadilac,
a CaddyBikee é presença comum em encontros de carros e motos dos anos 50. E para terminar temos a Lambretta Racing, feita a partir de uma Lambretta 125, com motor kitado, avanços, banco com baquê, escape de competição,
pintura "americana" qb e mais cromados que qualquer outra Lambretta. Embora todas diferentes, têm duas ou três coisas em comum. Uma é que, pelo menos estas são verdadeiras obras de arte. A outra é que todas elas deram muito trabalho a fazer e custaram uns bons dólares. E a terceira é que goste-se ao não delas, é o tipo de motos que dá direito a torcicolos ao vê-las passar na rua!


sábado, 18 de setembro de 2010

O mistério das Neves


No passeio das Neves que teve lugar no mês passado e vai sair na Moto Clássica de Setembro, tinha muita coisa bonita. Tem sempre mas este ano mais ainda que noutras edições. E uma das que mais me chamou a atenção foi esta "senhora" do final dos anos 50 ou, na melhor das hipóteses do começo dos 60. Parece-se muito com uma Cruzador, o motor é Sachs de turbina mas tanto pelo motor como pela matrícula percebe-se que é uma 125cc e a OSP, tanto quanto sei, só fez máquinas de 50cc. Em face disto, poderia ser algo importado com motor Sachs, e até talvez seja, mas tanto quanto se sabe, também houve umas poucas montagens portuguesas com motores Sachs de 125cc que eram importados da Alemanha. Será esta uma destas? Já sei que enquanto não descobrir a resposta, não vou conseguir descansar, mas hei-de lá chegar!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bifes das Famel chegam a Inglaterra

Keith e Pete, os dois ingleses residentes no Algarve, que se propuseram a ir de Loulé até Weston Super Mere, no sul de Inglaterra, em dois triciclos Famel para angariar fundos para uma instituição de caridade - e dos quais já falámos tanto aqui no blog como na revista - chegaram ao destino! Com uma série de aventuras pelo meio, entre as quais umas entradas em estradas na contramão (estes bifes!) e dois motores gripados, os dois "jovens" sexagenários demoraram cerca de um mês a fazer os cerca de 3000 kms que separam a pacata cidade algarvia de Weston Super Mere, mas lá conseguiram cumprir o seu objectivo.
Fora as avarias, as Famel aguentaram brilhantemente os quilómetros e as suas subidas e descidas e os seus donos ainda tiveram direito a uma reportagem da BBC quando chegaram às terras de Sua Magestade. A grande questão que se põe agora é o destino a dar aos triciclos pois há vários museus e outras instituições interessados em ficar com eles. Bué, bué era um dos museus interessados ser o de Birmingham, o mais famoso de Inglaterra em duas rodas. Será?

E ainda talvez lá volte

Ontem foi dia de ir ao Museu do Design, perto do Terreiro do Paço em Lisboa, fotografar a colecção de scooters de João Seixas, da qual vamos ter um artigo de seis páginas na próxima revista. Já lá tinha estado uma primeira vez há umas duas semanas mas ontem voltei com mais calma e para fotografá-la toda, ou quase toda pois duma ou outra não se conseguia mesmo fazer bonecos. E se já gostava, muito, de scooters, sobretudo de scooters exóticas, antes de ver a colecção, confesso que depois de poder ver em carne e osso ontem algumas das minhas "heroínas" nesta arte, como a CZ Cezetta, a Maico Maicoletta, as Heinkel com sidecar, as Zundapp Bella, as Bernardet, a Sunbeam, as Vespas mais antigas, as Lambrettas, e tantas outras - a colecção tem quase 50 máquinas diferentes - fiquei ainda mais encantado. Mas não foi só com as motos, e com o ambiente em que se encontram, numa mistura de anos 60 - o museu fica no antigo edifício-sede do ex-Banco Nacional Ultramarino, cheio de reminescências desses anos de ouro das scooters. Fiquei também a admirar, ainda mais, o manancial de scooters interessantes que João Seixas conseguiu juntar. Tanto quanto sei foi ele que fez esta colecção e sejam quais sejam as possibilidades que terá tido para o fazer, só uma paixão incomensurável pode ter permitido que conseguisse fazer o que fez. Para quem ainda não viu a exposição, a dita recomenda-se altamente. Está aberta até 24 de Outubro e a entrada é gratuita. Para quem não puder ir, e mesmo para quem já foi ou ainda vai, fica a promessa de termos na Moto Clássica 26 uma boa mostra do que lá está exposto. Mas, pese, isso, aquilo é tão bonito que acho que ainda lá vou outra vez. Nem que seja para dizer um último olá às "senhoras" antes delas voltarem à sua base, em Marinhais.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Todos a Fátima!

Quando comecei a seguir o mundo das clássicas há uns três anos atrás, quase desde a primeira hora que me perguntei até que ponto é que os encontros portugueses de clássicas seriam, á escala europeia, grandes ou pequenos. Conversando com John Bos da Kreidler Original e outros estrangeiros ligados a este mundo e viajados, cheguei à conclusão que os nossos encontros não eram nem uma coisa nem outra. E cheguei também à conclusão que enquanto os maiores encontros de motos europeus chegam a reunir 500 a 600 e têm lugar em países grandes como o Reino Unido ou a Alemanha, os maiores de motorizadas realizam-se em países mais pequenos como a Holanda, a Dinamarca ou a Suécia. Há poucos dias atrás, porém, consegui avançar um pouco mais nestas minhas análises comparativas ao descobrir que o maior encontro de sempre de motorizadas antigas, com direito a figurar no Guiness e tudo, teve lugar na Holanda há uns anos atrás e juntou 1237 motos. O problema foi que depois disso, a minha cabeça não tem parado. Comecei a fazer contas e comecei a pensar que talvez conseguíssemos bater o recorde em Portugal. Aproveitando o facto de haver cada vez mais peregrinações de motorizadas a Fátima no verão, porque não tentar congregá-las todas num mesmo fim de semana e tentar fazer-se lá um mega-encontro para bater o recorde holandês? Falando com gente já "batida" nestas idas a Fátima como Reinaldo Estaca no Algarve, António Ramalhinho em Tinalhas ou Mário Silveira em Águeda, todos pareceram gostar da ideia e o sábado 11 de Junho parece ser a data ideal. Como o dia anterior é feriado, quem quiser vir a "rolar" tem tempo de sobra para o fazer, e quem quiser vir de carro e atrelado também o pode fazer. À partida já estão previstas pelo menos cinco peregrinações todas tendo como objectivo chegar a Fátima no dia 11 - uma do sul que vai começar em Loulé e Faro e segue por São Brás e Almodôvar, outra que vai vir da Beira Baixa, de Tinalhas, e passa depois por Castanheira de Pera, uma terceira que deverá começar em Sintra e continua depois pela Pedra e Bombarral, uma quarta que vem da Murtosa, passa depois pela Fontinha e Sangalhos, e uma quinta que vai sair da Póvoa do Lanhoso e Perelhal no Minho - mas é possível que nas próximas semanas e meses outras se venham a formar, nomeadamente uma com saída de Penafiel e outra de Amarante. Até lá ainda falta quase um ano mas uma coisa é certa, dia 11 de Junho do ano que vem, todos os apaixonados de clássicas que forem a Fátima poderão vir a fazer parte de um recorde do mundo bem português!


terça-feira, 14 de setembro de 2010

A rã

No final dos anos 40, enquanto todas as grandes marcas italianas estavam a trabalhar afincadamente no desenvolvimento de motores multiclindricos para a classe de 500cc, na altura a classe raínha nas competições de motociclismo, a Norton que durante anos tinha sido o líder incontestável nesta classe, continuava a apostar na Manx com o seu cilindro único que apesar de já ter sido uma grande máquina, era cada vez menos competitiva. Vendo que não conseguia convencer a direcção da empresa a investir num motor mais moderno, Rex McCandless, um técnico que apesar de não pertencer aos quadros da Norton trabalhava com ela no seu departamento técnico (sendo só pago pelos projectos que se transformavam em produtos reais!). Sem poder contar com uma moto totalmente nova, a única hipótese era melhorar o desempenho da Manx que a nível de motor já estava mesmo no seu limite. Rex, com a ajuda do seu irmão Cromie, resolveu então trabalhar no peso e na aerodinâmica da moto, concebendo um quadro mais leve e mais baixo que permitisse ao piloto ir quase deitado. Paralelamente ao quadro e também com este objectivo, desenvolveu um depósito de gasolina novo, que não ocupava praticamente espaço no centro e que, em vez disso, tinha dois depósitos laterais. Apesar das mudanças, a moto não chegava para as italianas e mesmo em relação às Manxs normais não era assim tão melhor sobretudo pela sua ciclística pelo que só chegou a ser usada durante pouco mais de um ano mas pelo menos ficou com direito a uma alcunha, o de "rã", que esse sim perdura até hoje.


domingo, 12 de setembro de 2010

O maior?

Setembro já não é Agosto mas aínda pode ser bem quentinho como o dia de ontem mostrou na simpática vila de Almodôvar, no Baixo Alentejo. Terão estado uns 38 graus, mas nada que tenha afugentado os mais de 300 participantes do passeio de motorizadas e motos clássicas local que terão feito do mesmo um dos maiores passeios de motorizadas e motos clássicas que alguma vez

se realizou em Portugal. E embora já tenhamos começado a trabalhar na reportagem alargada sobre a grande festa que foi um encontro, fica aqui um cheirinho das muitas coisas boas que lá se viram. E se uma delas, porventura a mais importante, foi o excelente ambiente proporcionado pelas gentes da terra e pelo Moto Clube de Almodôvar que organizou o encontro, outras. Foi o
caso, por exemplo, da quantidade surpreendente de unidades do mesmo modelo. Só V5s seriam umas 10, Famel Zundapp umas oito, Zundapp de origem umas cinco, Casal K181 também cinco. Até da SIS Sachs Fuego que não se vê tanto por aí, havia quatro exemplares. Um espectáculo. Outra simpática surpresa foi a quantidade e variedade de motorizadas "costum" presentes. Já no ano passado tinham estado em Almodôvar uma série delas engraçadas (entre as quais a já famosa Xf17 "Xadrez" de Luís Botelho) mas este ano havia umas 12, algumas delas verdadeiramente espectaculares e a confirmarem também Almodôvar como o encontro nacional
onde se dá mais projecção a este tipo de motos. E last but not least fica também aqui uma nota para a quantidade de motos-motos presentes. A primeira vez que fui a Almodôvar, há três anos, lembro-me que só estavam presentes duas motos. No ano passado já havia mais. E este ano já haveria umas 20, incluindo-se neste grupo pequeno mas cada vez mais interessante duas Bmws com sidecar que vieram a rolar desde Vila Real de Santo António!

sábado, 11 de setembro de 2010

A dois tempos, claro

Tanto em Bruxelas, onde se decretou a sua morte lenta, como um pouco por todo o mundo, muita gente ligada às motos é da opinião que os motores a dois tempos são pouco mais que uma relíquia do passado mas este motor da Wartsila finlandesa mostra que não é bem assim. É que ele é nada mais nada menos que o maior motor do mundo - pesa 2300 toneladas, tem 14 cilindros e debita 108.920 cavalos - e trabalha a dois tempos, com uma mistura à bae de gasóleo e óleo que além de ser 50% mais eficiente que os motores normais a diesel, é bastante mais amiga do ambiente. Quem sabe se daqui a uns tempos não vamos ainda vamos ver coisas semelhantes, mais mais pequenas, a andarem outra vez a "motorizar" motos por aí. Só a título de curiosidade, este vai equipar um dos maiores porta-contentores do mundo e está a acabar de ser construído na Coréia do Sul.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Os heróis do Barlavento

Até há pouco tempo atrás, o fenómeno do restauro e coleccionismo de motos e motorizadas clássicas no barlavento algarvio era uma miragem ou quase. Enquanto em Faro, Loulé, São Brás de Alportel, Albufeira e São Bartolomeu de Messines havia, e há, dezenas e dezenas de apaixonados pelas "senhoras", em lugares como Lagos,
Portimão, Lagoa ou Silves quase não se viam motos antigas na rua, quase não havia colecionadores, e não havia um único passeio de clássicas. Em Chão das Donas, porém, uma pequena aldeia nos arredores de Portimão, um grupo de "teimosos" meteu na cabeça no ano passado fazer um passeio. Foi um balão de ensaio mas que pegou
pois este ano, na sua segunda edição, o dito já contou para cima de 50 motos e motorizadas e algumas bem engraçadas como a SIS Sachs V5 (na foto de cima) considerada uma das V5s mais bem restauradas de todo o país ou as duas "custom" lindíssimas da segunda e da terceira foto - uma delas de uma Macal TR50 e a outra de uma Top Racing - que, a julgar pela criatividade dos depósitos e dos bancos, só podem ter sido feitas por artistas cinco estrelas.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Ducati Chanel

Há um ano atrás, o costureiro Karl Laggerfeld já tinha surprendido o mundo das motos clássicas com uma Triton que ele mandou personalizar para uma campanha publicitária dos perfumes Chanel e que ficou conhecida desde então como a Triton Chanel. Pois ao que tudo indica, a Chanel gostou de tal maneira do anúncio que Karl terá tido luz verde para fazer uma nova campanha de perfumes da mesma com uma moto clássica. Pelo menos é o que se pode deduzir deste filme publicitário que foi feito no domingo passado na Place de la Concorde, no centro de Paris e que, literalmente,

fez parar o trânsito. A modelo escolhida foi a jovem actriz inglesa Keira Knightley de 25 anos, a qual, vestida com uma peça inteira em camurça cor de pele e com botas a condizer, foi posta aos comandos de uma Ducati 750 Sport dos anos 70, especialmente pintada em cor de pele, a toilete só ficando completa com um capacete Ruby (a marca de capacetes abertos mais exclusiva do mundo) também ele em cor de pele. Ao que parece Keira não sabe andar de moto mas nada que não se resolva num filme publicitário: puseram-na em cima de um atrelado (que supostamente nao se vai ver no anúncio) e ela lá terá andado em cima dele na Place e nos Champs Elysees. Para as cenas em que se tinha mesmo que ver a moto a andar foi usada uma motociclista a sério, parecida com ela, com medidas
muito semelhantes e vestida também da mesma maneira. O que nos fica por saber é como vai ser a cena final do filme. Nas fotos finais que foi possível fazer na Place de la Concorde, Keira aparece, com a Ducati no descanso mas já tirada do reboque, ao lado de três gândulos de aspecto duvidoso em motos modernas (Yamahas MT1, talvez). O que terão eles a ver com ela e a Ducati? Que ansiedade, não é? A resposta só a vamos ter num daqueles intervalos publicitários de novela do mês de Novembro ou Dezembro, em que somos bombardeados com anúncios de perfumes mas pelo menos este ano temos mais um motivo para os ver além das caras bonitas: a Ducati Chanel!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Recorde mantem-se holandês

Ainda não foi desta que o recorde do mundo holandês de um encontro de motorizadas clássicas foi batido. A última tentativa nesse sentido teve lugar este fim de semana na Suécia, na pequena cidade de Mellstig, e o objectivo era ultrapassar o recorde laranja de 1237 motorizadas, o qual se encontra registado no livro Guiness dos recordes já há vários anos. A organização sueca contou com os mais diveros apoios e conseguiu levar até Mellstig ciclomotores vindos de todo o país, alguns depois de terem rolado centenas de quilómetros, assim como alguns da Finlândia e da Noruega mas no final ficou-se pelas 985 "senhoras". Não terá dado para o recorde mas terá sido na mesma um grande encontro e, quem sabe, uma fonte de inspiração para outras iniciativas.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Getting international

Já na sua quarta edição, a prova de rua para motorizadas clássicas de Vila da Fonte, no concelho de Santa Marta de Penaguião já era um sucesso a nível regional mas agora corre o sério risco de se vir a tornar uma espécie de TT do sul da Europa. E tudo por que a revista espanhola Solo Moto, uma das principais publicações de motos
do país vizinho, "descobriu" a prova e fez uma reportagem do evento onde elogia não só a organização como "las locas máquinas lusas". Sabendo-se do espírito guerreiro espanhol e sabendo-se também que um dos clubes de motos clássicas

mais dinâmicos de Espanhha em provas de de velocidade, o Moto Club Los Charros, é de Salamanca, a menos de 200 kms de Vila de Fontes, não será de espantar se já no ano que vem a prova começar a ter as suas primeiras participações de além-fronteiras.

domingo, 5 de setembro de 2010

A "volta" do Gunther


Sempre tive a ideia que a Kreidler Florett é uma das motorizadas mais resistentes do mundo e basta vermos as aventuras do Paulo Gabriel, António Madail e o resto do chamado "Grupo da Murtosa" que quase mês sim mês sim fazem passeios estradistas nas suas gloriosas máquinas, por vezes de centenas de quilómetros, para não termos qualquer ponta de dúvida sobre isso. Face a isto, a Kreidler K50 com o seu quatro aberto parecia-me uma daquelas motorizadas recomendadas na época para senhoras e padres, para deslocações pequenas e a baixa velocidade. Mas parece que afinal ela foi, é, muito mais que isso. Quando a Kreidler resolveu lançá-la e 1950, um jornalista e cineasta de nome Gunther Markert ofereceu-se para fazer 60.000 kms com ela, o equivalente a uma volta ao mundo, para mostrar a sua resistência. A imprensa da época achou graça à ideia e foi acompanhando as suas andanças, que duraram cerca de um ano, o que tornou a K50 na altura imensamente famosa na Alemanha. Quanto a Gunther, supõe-se que também terá achado graça à iniciativa mas, ao mesmo tempo, terá ficado com uma certa frustação a pensar que em vez de fazer tantos quilómetros só na Alemanha e nos países vizinhos podia era ter mesmo dado uma volta ao mundo. E isto porque passados três anos, em 1954, o nosso amigo pegou noutra K50 e foi mesmo dar uma volta ao mundo. Saiu da Alemanha, rumou a Itália, meteu-se pelos Balcâs, chegou à China, visitou o Japão, depois os Estados Unidos, dali voou para Marrocos, passou o estreito de Gibraltar, e daí regressou à Alemanha. Depois disto, cada vez que vir uma K50 vou ter que olhar para ela com mais respeitinho, e admiração.

sábado, 4 de setembro de 2010

Belezas em Sintra

Sintra voltou a fazer o seu passeio, e que passeio. Não tanto pela quantidade de motos - já terá havido edições do passeio com mais participantes - mas sobretudo pela qualidade das presentes. Muita coisa bonita e bem restaurada mas, para lá das Triumphs, Nortons e BSAs e outras inglesas dos anos 50, 60 e 70 que costumam dominar o passeio, o que mais chamou a atenção foram máquinas de outras paragens e outros tempos, umas mais recentes, outras mais velhinhas. Entre as mais recentes,

um dos destaques foram as motos italianas, incluindo Ducatis, Laverdas, Aermachis, Moto Morinis, MV Agustas, e outras. Umas delas graças a Henrique Sobral (aqui a conversar com um outro "italianaista"), que só por si trouxe três ou quatro signoras da sua Cantanhede, mas não só. Outra "raça" que deu nas vistas foram as japonesas. Sempre houve japonesas em Sintra mas talvez nunca tantas como este ano. Entre Hondas (sobretudo), Kawasakis e uma ou outra Suzuki e Yamaha, seriam mais de 20, todas elas modelos interessantes. Mas a par destas coisas mais recentes
Sintra teve uma outra atracção que impressionou. Foram as "senhoras" dos anos 20 e 30, em particular esta AJS B5 de válvulas laterais e de 1924 que Martyn Knight trouxe do Algarve e que foi votada pelos participantes como a melhor moto do encontro. Martyn comprou-a há uns meses atrás num encontro de motos pré-1930 em Bambury em Inglaterra, trouxe-a para Portugal e restaurou-a toda em tempo recorde para a ter pronta para o encontro de Sintra e fez com ela todo o passeio. Mais uma deste luso-britânico que não pára de surpreender. Well done, man.