segunda-feira, 31 de maio de 2010

A última do Manel

Manuel Duarte é um restaurador e colecionador de motorizadas portuguesas clássicas muito especial. É extremamente selectivo nas máquinas que tem mas quando decide comprar uma, restaura-a de tal maneira que parece que fica mais nova que quando saiu da fábrica. A sua primeira clássica foi uma Famel Zundapp Xf17, a seguir veio uma raríssima Casal RZ50 (uma das oito Casal que esteve exposta no stand da Dmc na recente feira de Aveiro), e agora decidiu recuperar uma Macal Minarelli M83 com um motor AM6 refrigerado a água (a qual vai ser a motorizada nacional do mês da próxima Dmc). O restauro demorou cinco meses e como se pode ver na foto, o resultado é irrepreensível, tanto por fora como por dentro. À semelhança das suas duas outras máquinas, porém, a Macal não foi escolhida por acaso. "Cada uma das minhas três máquinas atraie-me por algo especial", diz ele. "A Xf é a adrenalina. Era uma "bomba" quando saiu, mas uma bomba difícil de conduzir, e isso atrai-me; na (Casal) RZ50, as linhas são irresistíveis, a moto é lindíssima; e nesta Macal temos possivelmente a motorizada mais completa que alguma vez se produziu em Portugal. Tem um motor que parece um avião, é extremamente segura, confortável, é espectacular. E depois tem uma vantagem, ainda se arranja todo o tipo de peças para ela, no caso da versão de motor refrigerado a água".

sábado, 29 de maio de 2010

Com três motores, e tracção à frente!


Quando falamos em motos com tracção à roda da frente, a que nos vem logo à cabeça é a Solex que surgiu depois da segunda guerra mundial, mas antes dela houve pelo menos dois outros projectos nesta área - o da Moleva italiana e o da Killinger & Freunde alemão. O primeiro tem umas quantas semelhanças com o que viria a ser a Solex mas o da Killinger & Freunde é espectacularmente revolucionário. Tinha três motores de 200cc a dois tempos de um cilindro cada, montados de forma radial à volta da roda da frente, com um volante de motor, embraiagem e transmissão (de duas velocidades) comuns. Desenvolvido em 1935 por cinco técnicos de Munique - dos quais os mais importantes seriam, provavelmente, os que deram o nome à moto - o primeiro protótipo sõ ficou pronto em 1938, pouco tempo antes do eclodir da segunda guerra e embora não haja fotos da moto a andar, tudo indica que pelo menos esse protótipo terá funcionado pois no fim da guerra, as tropas americanas descobriram um exemplar com sinais de uso.

Apesar do conceito da moto desafiar um dos princípios básicos de que uma máquina de duas rodas deve ter o conjunto roda-suspensão o mais leve possível - o seu principal problema seria na interconexão entre os vários motores e o volante da roda mas um engenheiro austríaco diz que o mesmo se consegue resolver e está a considerar desenvolver uma réplica da moto para estar pronta dentro de dois anos.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Onde é o travão?

Mais avião que moto, esta Vespa 50S xpto é a última criação de José Carvalho, o grande preparador de motos clássicas de competição de Palmela, ao centro na foto, que se tornou conhecido de há uns anos para cá de norte a sul do país pelas maravilhas que consegue fazer em clássicas de motocross. Apesar de ser mais conhecido nesta área, desde há uns meses, Zé começou a entusiasmar-se também pelas Vespas de competição. Preparou uma para a primeira prova de resistência do campeonato nacional, as seis horas de Santo André, mas um acidente no carro que a levava, obrigou a que o seu baptismo de fogo nesta área tivesse que ser adiado para este fim de semana, para as 24 horas de Abrantes que vão ter lugar no kartódromo local hoje e amanhã. Com motor rotax refrigerado a água, carburador Keihlin de 1.28, amortecedor de direcção e outras loucuras dignas de um filme de ficção científica, a Vespa vai ser pilotada pelo homem que se vê na foto ao lado de Zé e por um outro palmelense, e promete dar nas vistas. Habituado a preparar motos vencedoras, Zé diz que a Vespa também pode acabar a prova em primeiro, embora muito dependa dos dois pilotos, e de um pouco de sorte. "Ainda não a experimentámos ao máximo", diz ele, "mas isto deve ser um avião. Eles têm é que ter muito cuidado com o acelarador, e com os travões. Se se distraírem um segundo, ela já fugiu!".

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sai um cimbalino, faz favor


Se um dia destes, ao passar por Famalição, se cruzar com uma Pachancho a rolar calmamente pelas ruas da cidade, não precisa nem de esfregar os olhos nem de se perguntar a si próprio se é verdade ou ilusão. Muito provavelmente é Manuel Faria, um "jovem" local que gosta de sair com a sua - oferecida pelo pai que a comprou nova em 1952 para ir de casa para o trablho nos CTT locais - e que a usa com regularidade para ir ao café do bairro onde mora, à tabacaria ou a outro lugar nas proximidades. Embora tenha outras clássicas - entre elas uma Famel Victoria, uma Perfecta, uma Florett e uma APE - Manuel tem um "fraco" pela Pachancho, não só pela ligação ao pai mas também porque quando um dia - tendo já a "doença" das duas rodas - ganhou coragem para lha pedir, este disse que não lha podia conceder pois iria prejudicar os outros filhos. Com o apoio dos irmãos, no entanto, conseguiu convencer o pai que a Pachancho devia ficar para ele e lá acabou por se tornar o feliz proprietário da dita!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Porta sim, porta sim


Tinalhas, uma pequena povoação a 10 kms de Castelo Branco é daquelas terras que merece um destaque a nível mundial pela paixão que muitos habitantes têm por motos e motorizadas clássicas. Apesar de ter apenas 1020 habitantes, perto de 30 são colecionadores de "velhinhas" - 3% da população!!! - e como se isso não bastasse, as clássicas estão um pouco por toda a parte. O bar mais famoso da terra, o "A'testar", é decorado com gravuras de motos clássicas, na mercearia há anúncios de vendas de V5s e outras "senhoras", e até na loja local que vende gás, produtos de limpeza e outras coisas - e onde esta foto foi tirada - há um cantinho para motorizadas clássicas à venda (e a preços ainda não muito inflacionados). O ponto alto dos multíplos eventos locais em prol da paixão vai ter lugar este fim de semana com uma peregrinação só de clássicas de Tinalhas a Fátima - num total de cerca de 300 kms - e onde poderão estar presentes quase 80 máquinas.

Também sem um parafuso ou outro

A ideia geral que passa para fora das forças motorizadas da polícia é que os seus elementos são todos gente com a cabeça bem arrumadinha e exemplos de bom comportamento mas no íntimo, no íntimo cada vez me parece mais que há uns quantos deles aos quais lhes falta um parafuso ou outro. E este exercício de treinos da polícia montada inglesa numa Triumph com sidecar para a cerimónia de abertura dos jogos olímpicos de 1948 em Londres ainda me deixa com mais certezas sobre isso. O exercício consistiria em - já com a moto em andamento - incliná-la para o lado do piloto, tirar a roda do sidecar, fazer uma graça com a roda no ar, voltar a montá-la e pôr novamente a moto com o sidecar a circular em três rodas. Neste caso concreto, pela posição da roda no ar e a cara assustada do piloto, o exercício talvez tenha acabado com a moto a "aterrar" só com duas rodas no chão mas mesmo que, por milagre, tudo tenha acabado bem, não sei o que será mais maluco nestes exercícios dos amigos guardas. Se os das pirâmides, se uma coisa destas. Felizmente neste caso, como se pode ver pela parte de baixo do sidecar, o mesmo parece estar já adaptado para a eventualidade de aterragens suaves directamente no chão!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Um dia destes, a andar por aí


Crise ou não crise, o parque nacional de clássicas não pára, felizmente, de crescer. E esta rara Ner-a-Car que foi comprada por um colecionador nacional na feira de Stafford há umas semanas atrás e que já está em Portugal é um dos mais recentes acréscimos nesse sentido. É dos anos 20, e para além do seu aspecto exterior marciano ou quase, destaca-se pela sua direcção central, tipo automóvel, o motor de 221cc a dois tempos, com 2,5cv, e cinco posições de tracção manuais. Pelo que se pode ver da foto, não se encontra em muito bom estado e vai ser um bom "pincel" para quem a for restaurar mas quando estiver pronta, ninguém duvide que vai ser uma atracção onde quer que apareça.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Vendida


A grande maioria das máquinas de duas rodas que se vêem todos os anos na Automobilia de Aveiro são de modelos mais ou menos comuns de marcas conhecidas mas há sempre coisas meio raras, meio esquisitas, normalmente importadas do estrangeiro para restaurar e esta parece ser uma delas. Trata-se de uma Moto Guzzi V35 TT, uma estradista fora-de-estrada do fabricante italiano que se destaca pela sua beleza mas cujo restauro, dada a aus raridade, talvez só seja recomendável para gente muito paciente e com bons contactos em Itália. Terá sido vendida poucas horas antes do fecho da feira por 1500e, mens 25 a 30% do seu preço inicial.

Balanço de uma feira


Ainda de ressaca do cansaço que foi a Automobilia de Aveiro que ontem terminou no Centro de Congressos e Exposições de Aveiro - e que aqui para a Dmc só terminou às quatro da manhã de hoje - vale a pena referir o que nos parecem ser as primeiras reacções deste grande evento. E as ditas são que houve duas feiras numa só, foi um chamado "dois em um". Na "feira" das motos-motos, sentiu-se a crise. Sentiu-se o receio das pessoas em gastar milhares de euros na compra disto ou daquilo (apesar de se terem feito algumas vendas interessantes). Em contaste com isto, porém, na "feira" das motorizadas, das scooters e das peças, a situação foi bem diferente, com vários expositores a afirmarem que esta foi a melhor Automobilia de sempre. A razão para este aparente paradoxo? Uma palavra de cinco letras chamada "crise". Comprar motos em tempo de crise, mesmo a preços de ocasião, é mais complicado que gastar, 50, 100, 200 ou mesmo 500 euros num motor disto, num carburador daquilo ou num esqueleto de motorizada que se pode ir restaurando aos poucos. O expositor da foto, de Vila do Conde, é um bom exemplo desta dicotomia: trouxe umas oito motorizadas e vendeu metade delas; 10 motores Kreidler e vendeu sete; cinco da Honda CD50 e vendeu três, e outras. Ao seu lado, um vendedor de motos, só tinha vendido uma máquina!

domingo, 23 de maio de 2010

Para a posteridade

Ontem foi dia de festa no stand da Dmc na Automobilia de Aveiro. João Casal o homem que fundou e dirigiu os destinos do que veio a ser a Metalurgia Casal visitou a feira e fez uma visita especial ao stand da revista. Na foto, tirada na altura, pode ver-se João Casal ao centro ladeado à sua esquerda por Vitor Simões filho do seu ex-sócio José Simões da Simões & Casal, uma das três empresas iniciais com que entrou no mundo das motas - enquanto do outro está Miguel Fonseca, dono da K276 da capa da última Dmc.

sábado, 22 de maio de 2010

09.59


A um minuto, mais segundo menos segundo, da abertura da XVII Automobilia de Aveiro, eis o stand da DaMoto Clássica, cheio de Casais que recolhemos um pouco por todo o país e que inclui uma K276, uma K260 (uma das quatro ou cinco que se conhecem em Portugal), uma K188 (a única conhecida em Portugal), uma K191 (muito rara também), uma K181 da primeira série, uma RZ50 (muito rara, também) e uma rarísssima K160. Tudo Casais, tudo coisas bonitas, e tudo coisas raras!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

À espera de autorização para voar


Australiano e já na casa dos 70, Rosco McGlashan tem uma pancada por velocidade. Em míudo gostava de acelarar no carro dos pais e dos amigos mas depressa se deu conta que isso lhe dava pouca adrenalina e nos anos 70 concebeu uma moto com um motor de oito cilindros em V e sem embraiagem, a Crazyhorse, só para andar mesmo muito depressa. Tipo dragbike, a moto tinha a sua roda traseira assente numa plataforma móvel e era virtualmente disparada quando já se encontrava na sua rotação máxima. Mas a sensação da mesma também sabia a pouco e passados dois anos Rosco criou o monstrinho da foto acima o qual utilizava como combustível uma mistura de peróxido de hidrogénio. A sua ideia era bater o recorde mundial de velocidade em duas rodas mas o governo australiano achou a ideia explosiva demais e não o permitiu de experimentar a "bomba". Devido a estas restrições, Rosco mudou-se para os Estados Unidos e continua, até hoje, com as suas aventuras de velocidade pura, mas em quatro rodas, o seu melhor tempo sendo 801 kms/hora. Se tudo correr bem, conta tentar bater o recorde do mundo de velocidade ainda este ano. Quanto à sua máquina "bombástica" de duas rodas que nunca andou, hoje descansa num museu na Austrália mas Rosco diz que ainda gostava de experimentá-la um dia!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Que medo...!!!

Quem pensa que a ideia das choppers e demais motos personalizadas com multíplos escapes e outros apetrechos para as tornar mais chamativas é algo que nasceu na Califórnia nos anos 70, bem que se pode desenganar. Tirada em 1936 algures em Londres, esta foto de uma Indian de quatro cilindros vem mostrar, sem sombra de dúvidas, que naquela altura já havia quem praticasse essa arte. Como a foto mostra, a moto faria parte de um número de acrobacias - meio malucas, diga-se - e o artista em questão, ou alguém seu amigo, para tornar o conjunto moto-artista mais impressionante, não teve meias dúvidas: pôs-lhe uma dúzia de escapes e, como se isso não bastasse, ainda substituíu o depósito de fábrica por algo na altura mais "prá-frentex". O certo é que se o equilibrista naquelas alturas já impressiona, com a Indian toda "artilhada" devia ser um chamariz.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Gordinha


Sinceramente não sei se isto é sinal que a Dmc está a crescer ou um acto de loucura pouco ou nada premeditado mas como um amigo a quem falei no assunto no outro dia já disse, é muito possível que eu tenha é perdido a cabeça. E isto porque tendo nós cada vez mais assuntos interessantes para falar na revista, resolveu-se aqui - entre todos os jornalistas da Dmc - que a próxima edição tinha que ter mais artigos que o costume, e por arrastro mais páginas também. E que, além disso, tinha que sair para a rua, antes da Dmc do mês passado. O resultado, tá aí. Uma "super" Dmc com 76 páginas, umas horas de sono a menos, mas também muita coisa interessante incluindo uma análise do maravilhoso fenómeno chamado K276, um artigo sobre o chamado leilão "do Espanhol" realizado pela Bonham's em Março, um comparativo dos vários modelos da V5, o segundo de uma série de três artigos sobre o restauro da Royal Enfield de Carlos Fragoso (que acabou de ganhar mais um prémio de restauros), a mostra das maravilhas que estiveram em Cavalões e outros. Tudo em nome deste maravilhoso mundo das duas rodas. Ps Se tudo correr bem, temos a revista na sexta. Just in time para a feira!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A francesa

Vila Cova, no concelho de Barcelos, teve o seu primeiro passeio de motos e motorizadas no fim de semana passado. E mesmo antes do passeio ter lugar, já se previa que Manuel António Simões Miranda ia ser um dos participantes que ia dar mais nas vistas. Natural da região, Tone, como é conhecido entre os amigos, tem mesmo a doença das clássicas. Tem duas SiS Sachs V5 Sport, várias Xf17 (das quais quatro restauradas, duas cor-de-rosa, uma verde e uma dourada), uma Cruzador Andorinha e outras. A grande dúvida era qual delas ele ia levar ao passeio. Mas Tone não foi com nenhuma delas. Em vez disso, foi com uma Koehler Escoffier de 1950, uma moto que ainda se vê em França mas que em Portugal é muito rara e que Tone tem vindo a restaurar desde que a comprou há três anos em Aveiro. As V5s e as Xfs, porém, não ficaram em casa. Para tornar o passeio ainda mais participado, Tone emprestou uma boa parte das suas outras motorizadas a outros participantes que (ainda) não têm "montada. Graças a isso, e ao entusiasmo de dezenas de outros conterrâneos seus de Vila Cova e das aldeias em redor, o passeio reuniu 120 máquinas, um recorde, ou quase, para uma primeira edição de um passeio regional de clássicas.

domingo, 16 de maio de 2010

A Otinp


Já esteve presente no Passeio da Vagueira do ano passado, e de uma forma bastante discreta, e agora, mais recentemente, no do Clube Motard Escorpiões, em Famalicão, mas foi preciso a segunda edição do Por Montes e Vales, que ontem acabou em Oliveira de Frades, para a Dmc ficar a conhecer a Otnip, a "clássica" que Luís Alberto Pinto de Castro Daire concebeu e construiu. Tem o motor de uma Renault 4L, a caixa de velocidades de um Citroen Dyane, o depósito é um extintor, os cubos das rodas um é de uma BSA B31 e o outro de Jawa, e quase tudo o demais foi também arranjado de veiculos (vários) já existentes e parados, ou de outros objectos reciclados, o conjunto todo parecendo-se, à primeira vista com uma Indian de quatro cilindros. A ideia surgiu quando Luís Alberto, no encontro da Vagueira de 2008 viu três clássicas com motores de quatro cilindros em linha - duas Indian e uma Nimbus - e encantou-se com elas. O preço para comprar uma igual ultrapassava (largamente) o seu orçamento mas não desistiu. No próprio dia, num guardanapo de papel, concebeu uma moto com motor de automóvel de quatro cilindros em linha e em sete meses tinha a Otinp - as letras da palavra "Pinto" ao contrário - pronta. Há promenores que ainda faltam "limar", mas já fez 2000 kms nela, e por onde quer que passe, atrai (muitas) atenções, tanto de gente que percebe de motos como de quem não percebe!

sábado, 15 de maio de 2010

O Carlos e a "bomba"

Nascido e criado em Combra - e apaixonado por motos desde que se lembra de ser gente - Carlos Pinto tem uma das colecções de Hondas mais interessantes que há em Portugal. Não será a maior mas destaca-se por ter modelos muito especiais da marca japonesa. Uma delas é esta Honda CD50 que Carlos trouxe ao Por Montes e Vales deste ano e que surpreendeu todos os outros participantes, todos eles como motos um bom bocado maiores. Quando foi lançada no final dos anos 60, esta Honda era uma motorizada cheia de personalidade mas pouco potente face às suas rivais a dois tempos. Participar num passeio de clássicas com mais de 1000 quilómetros como o PMV com uma moto destas seria assim um sacrifício mas a CD50 do Carlos não é uma CD como as outras.l. Tem uma série de "vitaminas" que lhe permitem atingir uma velocidade superior a 100kms/hora - a CD normal só dava 80kms/hora - e que além disso lhe dão uma relação peso/potência muito interessante. Graças a isso, e à tendência natural do Carlos para andar com o punho "enroldo", ele e a sua CD foram, em todos os dias do passeio, a dupla piloto-moto mais racing e a primeira sempre a chegar às metas volantes do passeio!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Por uma porta e umas janelas


Desde quinta-feira e até domingo tem sido uma fartazana de motos clássicas. Tudo "culpa" do Por Montes e Vales (PMV) deste ano que me tem levado não só a mim, como a 13 outros apaixonados por estas máquinas, por paisagens de sonho em Portugal e pelas provincias de Cáceres e Salamanca. Mas o PMV não é só rolar e fazer quilómetros (hoje, por acaso, foram mais 300. Com os 300 de ontem, já vamos em 600!). O passeio tem também muito a ver com convivencia com outras pessoas que se interessam por este maravilhoso hobby, seja os participantes do passeio, sejam pessoas com motos clássicas das regiões que vamos atravessando. E um bom exemplo disso, foi um coleccionador de Alcains, serralheiro de profissão, que conheci ontem. O homem já tem um acervo interessante, e não tem parado de comprar coisas novas, sobretudo motorizadas por restaurar. Tem pago por quase todas mas a Pachancho da foto saíu-lhe de graça, ou quase. Descobriu-a num alpendre. A medo foi falar com o dono, e perguntou-lhe quanto queria pela moto. O comprador, que não tinha pensado fazer alguma coisa com a moto, primeiro ficou a pensar mas depois, muito expedito, sugeriu uma troca: a Pachancho por uma porta e umas janelas. Acontece que o nosso homem de Alcains já tinha uma porta com as características que o dono da Pachancho queria pelo que foi tudo uma questão de se marcar o dia para a troca. Desde então a Pachancho passou a ser conhecida na região como a "Pachancho da porta e das janelas".

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O harleyista de serviço

Na estrada deste ontem, quinta-feira, e até domingo, a edição deste ano do Por Montes e Vales, já tem alguns heróis. E um deles é este holandês residente em Portugal, Roob Hoorer, o qual está a participar neste mega-passeio de clássicas com quase 1200kms de extensão numa "senhora" Harley Davidson de 1931. Como toda a moto com mudanças de mão junto ao depósito, ela não é a máquina mais fácil de se conduzir e sendo Roob um sexagenário já mais próximo dos 70 que dos 60, imaginar-se-ia que iria ter algumas dificuldades em acompanhar as outras motos do passeio, mas não. Com uma velocidade muito regular de 70 a 80 km/hora, Roob, e a máquina, têm-se mostrado uma surpresa e prometem chegar no domingo a Oliveira de Frades, onde tem lugar a chegada, como se tudo não tivesse passado de uma ida de casa ao café!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O desaparecido aparecido


Muita gente pensa que ele foi desfeito depois da Casal ter fechado as portas, mas o "charuto" Huvo-Casal com que foi batido o recorde do mundo de velocidade de 50cc no dia 03 de Agosto de 1981 com a marca de 224,850 kms/hora, continua vivo, e bem vivo. Foi salvo in extremis por um negociante de motos holandês que o levou para o seu país e o vendeu depois a um museu de motos perto da fronteira com a Bélgica. Conseguir trazê-lo de volta para Portugal é capaz de ser impossível mas um dia que haja por cá também um museu nacional de motos, porque não juntarmo-nos todos para que venhamos a ter pelo menos uma réplica dele?

terça-feira, 11 de maio de 2010

Quantos miles, mesmo?

Há motos para restauro que são verdadeiras pechinchas mas em contrapartida há outras cujos donos parece pensarem que têm as jóias da raínha de Inglaterra em casa. É o que se poderia dizer desta Harley Davidson do começo dos anos 50 que restaurada ficaria um brinco mas que actualmente, e já há uns bons anos, encontra-se a dormir ao sol e à chuva. E está assim porque o seu dono, um negociante de carros para abate nos Açores, pede pela moto a mera bagatela de 4000 euros e até agora não se tem mostrado minimamente interessado em negociar o preço! Segundo ele, trata-se de uma relíquia e uma peça única e mais cedo ou mais tarde há-de aparecer quem a queira comprar. Se ele se mantiver irredutível neste preço - um pouquinho nada alto convenhamos - quem estiver interessado em comprar a Francis, pelo menos poderá orgulhar-se de uma coisa: é que provavelmente vai ser o dono de uma das motos para restauro mais inflacionadas do mundo!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

My friend António e o meu amigo John


Quando John Bos, o homem da esquerda, chegou a Portugal, há cerca de 10 anos, na sua busca por um novo local para montar o negócio de produção e venda de peças Kreidler que tinha começado uns anos antes na Holanda, passou na aldeia da Fontinha, perto de Águeda, e ficou espantado com a quantidade de Floretts que ainda existiam na terra. Parou na oficina de António Madail, o qual tinha sido até ao final dos anos 70 agente oficial da Kreidler, e apesar de John não falar uma palavra de português nem António de inglês, ficaram logo amigos e conseguiram "conversar" durante quase meia hora, sobre Kreidlers claro. Não se sabe até que ponto essa conversa terá sido importante na decisão que John tomou alguns meses depois de estabelecer-se em Portugal, em Barrô, mas o certo é que nem um nem outro nunca mais se esqueceram desse encontro e ontem, aproveitando um dos maiores encontros de sempre de motos da marca em Portugal - o Encontro de Kreidlers da Murtosa - os dois aproveitaram a ocasião para, rodeados de Floretts, relembrar o feito. com António a continuar a falar na língua de Camões, e John na de Shakespeare. Sobre manetes, cubos, carretos, garfos de mudanças e outras coisas que numa língua só já não é fácil!

domingo, 9 de maio de 2010

Carlos, o presidene, e a Bella


Carlos Veríssimo bem que se esforçou para que o primeiro passeio de motos antigas de Alcácer fosse um sucesso. O objectivo inicial era conseguir 15 a 20 participantes entre os pouco mais de meia dúzia de entusiastas de motos antigas da terra mais os amigos de terras próximas como a Comporta, Grândola, Montemor e Setúbal. No final ainda se juntaram 25 máquinas e apesar do tempo não ter ajudado - choveu copiosamente durante boa parte tanto na véspera como no dia do encontro - até o presidente da câmara local, Pedro Paredes, fez questão de estar presente e de experimentar uma das máquinas mais chamativas do evento, uma Zundapp Bella R204 de 1959.

sábado, 8 de maio de 2010

O descanso do Ernst


Se algures lá em cima há um panteão para os grandes campeões de velocidade em duas rodas, Ernst Jakob Henne, que aqui se vemos num intervalo dos treinos de uma prova do campeonato alemão de velocidade de 1933, é um dos que certamente lá está. Nascido em 1904 numa pequena aldeia no sul da Alemanha, tirou um curso profissional de mecânica mas ainda muito cedo descobriu que tinha uma grande paixão por motos de corrida. Aos 17 anos entrou na sua primeira prova, na Alemanha, e no ano seguinte, na sua primeira participação no estrangeiro, em Monza, conseguiu um brilhante sexto lugar na classe de 350cc. Em 1926 foi campeão alemão em 500cc, no ano seguinte foi em 750cc e no outro a seguir ganhou a mítica Targa Fiorio. Durante os anos 30 competiu em centenas de provas, voltou a ser campeão uma série de vezes, e como se isso não chegasse, ainda bateu 76 recordes de velocidade em duas rodas, incluindo o famoso recorde mundial absoluto de 279,5kms/hora alcançado em 28 de Novembro de 1937 aos comandos de uma BMW de 500cc totalmente carenada e com compressor que se manteve durante 14 anos. Depois da guerra, Ernst deixou as corridas e teve durante muitos anos uma oficina de reparações especializada em Mercedes, só tendo deixado de trabalhar por completo em 1996, já com 92 anos e ainda com saúde. Na semana que vem faz cinco anos que nos deixou mas pelo menos nos fins de semana, na companhia de outros imortais das duas rodas como Les Graham, Mike Hailwood, Pier Paolo Pasolini ou Jaarmo Saarinen, não deve perder uma prova do MotoGP!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O madeirense destemido


Natural da Madeira, Paulo Spínola tem apenas 22 anos, estuda engenharia mecânica e tem nas motos clássicas uma grande paixão. Para uma pessoa da sua idade e com este gosto, ter uma ou duas motos ou motorizadas clássicas poderia já parecer bom mas Paulo não tem nem uma, nem duas, tem já 18, tem-nas todas restauradas, ou quase, e continua a comprar mais. O pior, porém, é que a sua paixão pelas clássicas não se resume a adquirir as máquinas e restaurá-las. Ele faz questão também de as usar. Para voltas pequenas e maiores, como a que fez, há poucas semanas atrás, com um amigo, do Porto, onde reside, numa Famel, até Águeda, à terra da marca. Mas isso até nem parece muito comparado com o que está a pensar fazer no verão: ir, também de motorizada, também do Porto, até Portimão, apanhar o ferry para a Madeira, e "aterrar" no Funchal em duas rodas.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

79 mais 29


Quando João Casal e a sua equipa de projectistas conceberam a Casal K270, um dos seus objectivos era fazer uma máquina não muito cara e robusta, o mais robusta possível. Se a moto ainda hoje fosse produzida e comercializada como nova, António Eiras Novais, mais conhecido como o Tone do Serzudo, era uma excelente prova viva dessa robustez. Natural de Creixomil, uma das 89 freguesias do concelho de Barcelos, comprou a sua K270 em 1981, há 29 anos, e desde então, até há poucos meses atrás, andava nela todos os dias, fizesse sol ou chuva. Nunca saiu do concelho com a dita mas mesmo assim terá feito perto de 200.000 kms com ela e só deixou de andar nela porque no ano passado o médico assim o recomendou!

O camião especial


A ideia dos triciclos de trabalho está, desde sempre, muito ligada à Piaggio, Ducati e a outras marcas italianas de motos e scooters que conseguiram popularizar o conceito e fabricá-los em grandes quantidades mas, paralelamente aos construtores transalpinos, os alemães também foram visionários nesta área. E um dos mais radicais deles foi a Goliah, uma empresa de Bremen que, apesar de ter como objecto social a fabricação de automóveis, ficou conhecida sobretudo pelos seus triciclos inovadores. E este, o Goliah Dreirad foi, muito provavelmente, o que se denotou mais para a posteridade. Produzido entre 1955 e 1961 (quando a empresa fechou as portas), era motorizado por um motor de dois cilindros em linha a dois tempos, e podia transportar cargas de quase 500kgs. Ainda se fizeram centenas de exemplares do mesmo mas hoje poucos restam e o seu preço pode ultrapassar os 15.000 euros. Nada mau para um triciclo!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Vespas ao quadrado


Nunca é tarde para se começar a gostar, e a mexer, em motos. Que o diga Paulo Reis, um alhandrense a caminho dos 40, que, até há um ano atrás, nunca se tinha interessado por máquinas de duas rodas. Um dia, porém, de visita a casa de um amigo, viu uma Vespa 50S enferrujada a um canto e não descansou enquanto o amigo não lhe vendeu a dita. Começou a pesquisar na net, comprou livros e revistas, conheceu gente do meio e não só não descansou enquanto não a pós nova como, ainda antes dela ficar operacional, teve que comprar uma outra Vespa para restauro, uma PX125E, que há poucas semanas ficou pronta. "Só a pintura é que foi feita fora", diz ele. "O resto fiz questão de ser eu a fazer. Deu trabalho porque não percebia nada disto mas tá feito, e estou muito satisfeito com elas".

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Casal de competição de 2011?


A fábrica já fechou há mais de 10 anos e esta Casal de competição de seis velocidades até nem é dos últimos anos, é mais da década de oitenta, mas se tudo depender da força de vontade de Fernando Chagas da aldeia de Bolhos, perto de Peniche, esta relíquia pode vir a servir de modelo para uma réplica das Casal de competição desses tempos. Depois de ter comprado a máquina há uns meses atrás, Fernando tem estado a fazer cálculos, estudos e contactos para a produção de uma série limitada de umas 20 unidades baseada na mesma e segundo os seus planos, a mesma poderia estar pronta daqui a menos de um ano. Se depender do entusiasmo que este (bastante raro) modelo despertou em milhares e milhares de jovens (e não só) desses tempos apaixonados pelo mundo das duas rodas, as réplicas vão estar vendidas ainda antes de estarem prontas!

domingo, 2 de maio de 2010

Poucas, mas espectaculares!


Terá sido um dos passeios de clássicas mais pequenos do país, não só em número de participantes como também em percurso, mas o Segundo Encontro Nacional de Alpinos, organizado pelo Clube de Automóveis Antigos de Montemor, e que teve lugar no domingo nesta terra alentejana superou todas as expectativas pela variedade de modelos e coleccionadores presentes, entre os quais Norberto Figueira, o número um da marca em Portugal, e Juan Santos, o número dois. Das nove Alpinos inscritas - todos eles dos anos 40 e 50 - só sete se prontificaram a "rolar" mas das que arrancaram todas conseguiram completar o percurso de 25kms, com algumas subidinhas pelo meio e tudo, e que, convenientemente, terminava num dos melhores restaurantes de Montemor.

sábado, 1 de maio de 2010

Com vista para o mar


O grande Largo dos Pescadores de Albufeira, junto ao mar, parecia pequeno para albergar todas as Vespas do Iberovespa que teve lugar no fim de semananesta cidade algarvia e que contou com quase 200 Vespas vindas na sua grande maioria do sul e centro do país, assim como alguns espanhóis corajosos, o mais dos quais veio a "vespar" quase 1000 kms desde Aranda del Duero, uma cidade espanhola a nordeste de Madrid. Embora não sendo maior Iberovespa de sempre - já houve edições com mais de 200 participantes - atendendo aos tempos que vão correndo, o número de inscritos superou as expectativas do Vespa Clube de Lisboa, a entidade organizadora.