segunda-feira, 29 de novembro de 2010
No começo era só mais uma ideia
Os últimos dias foram de imersão total nas escritas de artigos para a próxima revista. Foram vários artigos a requerer 25 horas por dia - quase - de atenção, mais os preparativos para o Todos a Fátima, mais a preparação de um calendário xpto para 2011 à base de fotos de motorizadas clássicas com caras (muito) bonitas vestidas à época e que vai ser pré-apresentado na feira de Aveiro do próximo fim de semana. O que de tudo isto deu mais trabalho, porém, foi sem dúvida o artigo sobre os primeiros anos da Suzuki no mundo da competição. No número passado falámos da Honda, e a Suzuki, como a segunda marca "japa" a chegar à Europa, tinha que se lhe seguir. A princípio parecia-me que o artigo até nem ia ser muito grande e que se resumiria a falar dos êxítos da marca nos anos 60 nas 50 e nas 125, e depois, mais recentemente, nas 500. Mas esmiuçando aqui e ali descobri que afinal há um mundo de histórias interessantes sobre a marca e os seus esforços para se impôr nas corridas. Apesar de ter surgido muito antes da Honda - quase 40 anos antes - quando a Suzuki descobriu o mundo das duas rodas, a empresa de Soichiro Honda já era a líder incontestada do mercado japonês desta área. O que obrigou a Suzuki, e depois a Yamaha e a Kawasaki também, a terem que criar o seu próprio espaço de mercado em nichos onde a Honda ainda não estivesse ou onde, pelo menos, os seus produtos não fossem tão populares. E um desses nichos era o segmento das 500cc a dois tempos. Quando nos anos 60 a Suzuki pensou em desenvolver uma moto com um motor destes, a Honda já tinha uma 500cc, e isto para já não falar nas marcas inglesas, que ainda eram os principais produtores mundiais e que, todas elas, tinham motos de 500 e 650cc. Todas elas eram a quatro tempos e o que a Suzuki, inteligentemente, pensou, foi que poderia haver lugar no mercado para uma 500 mas a dois tempos a qual, apesar de menos "limpa", teria a vantagem de ter menos componentes mecânicos e ser mais barata. Até então, nenhuma marca "moderna" se atrevera a fazer um motor a dois tempos com uma cilindrada tão alta em grandes quantidades. Além de ser um grande desafio tecnológico, sobretudo por causa das vibrações do motor, ainda havia a percepção geral de que motores a dois tempos para motos de estrada não eram tão "finos" como os a quatro tempos. A Suzuki, no entanto resolveu arriscar. Talvez não tanto por gostar de arriscar mas porque dominava muito melhor a tecnologia dos motores a dois tempos que os de quatro tempos, e também porque sentia que para vingar como grande marca internacional não podia ficar presa às motos de 50, 125 e 250cc. Durante uns anos, a moto, com o nome de 500/5, não teve grande sucesso mas a Suzuki não desistiu e em 1968 lançou uma segunda versão, com um novo motor de 43cv, a T500. A qual também não se vendeu muito. Até ao dia que alguns pilotos privados na Europa, Estados Unidos e Austrália descobriram que ela era excelente em pista. Tão boa, que um deles, Keith Turner, conseguiu ficar em segundo lugar na classe de 500cc do campeonato do mundo de velocidade de 1971. A partir daí, e durante quase 30 anos, a T500, e as suas sucessoras (as famosíssimas GT500) foram um dos maiores sucessos da marca.
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