domingo, 31 de outubro de 2010
O campeão de 49
Aquilo que é hoje o MotoGP - e que este fim de semana, com muita água, teve a sua 17ª prova no Estoril - já foi bem diferente. Presentemente o "circo", como é chamado na gíria, é disputado com máquinas do século XXII com mais de 200cv de potência a 18.000 rpm, controlados por computadores, micro-processadores e outras maravilhas electrónicas dignas de aviões supersónicos, e que são pilotadas por pilotos de outro planeta ou quase cujo dia-a-dia é planeado ao milímetro em termos de preparação física, alimentar e psíquica para serem campeões. Em 1949, quando o campeonato mundial começou, as coisas não eram bem assim. As melhores máquinas tinham pouco mais de 50 cavalos a 7600 rpm e a que ganhou o campeonato nesse ano, a AJS Porcupine pilotada pelo inglês Leslie Graham, nem foi a máquina com melhores resultados. Tanto Leslie como Nelio Pagani, aos comandos de uma Gilera Rondine, ganharam duas das seis provas do campeonato mas Pagani, graças às suas melhores posições secundárias, tinha mais pontos dos resultados das provas. Acontece que na altura o piloto que conseguisse a volta mais rápida de cada prova ganhava um ponto o que permitiu a Leslie, com duas voltas mais rápidas, acabar o campeonato com mais pontos. Na altura com 38 anos, ele tinha começado a correr com motos emprestadas e depois com motos em segunda mão, as quias normalmente nunca chegavam ao fim das provas. Os seus talentos de piloto, porém, foram notados pelos responsáveis da AMC - a empresa formada pela fusão da AJS, Matchless e outras marcas inglesas depois da guerra - e ele foi convidado para trabalhar na empresa com a possibilidade de correr aos fins de semana nas motos de competição da mesma. As corridas de motos na época, no entanto, conheceram um desenvolvimento tal que a AMC foi literalmente obrigada a criar uma equipa de competição a sério e Leslie foi convidado a integrá-la. No final da temporada de 1950, aproveitando a falta de interesse da AMC em desenvolver uma versão mais moderna da Porcupine, a MV Agusta fez-lhe um convite para se juntar à sua equipa e Leslie passou a correr, a partir de 1951, pela marca italiana, embora nunca tenha conseguido voltar a ganhar um campeonato (o melhor resultado que conseguiu foi o segundo lugar na classe de 500cc em 1952). A sua carreira foi bruscamente interrompida em 1953 quando na primeira prova do campeonato,na Ilha de Mann, perdeu o controlo da sua MV 500. Em sinal de respeito pela sua pessoa, a MV retirou-se da prova e não participou oficialmente em mais nenhuma prova do campeonato desse ano.
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