quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Os calendários do Rui

Quando o Rui Herdandinha, da Arraiolbike um dia destes se ofereceu para me mostrar as antigas instalações da oficina de motos da família bem no centro de Arraiolos, não hesitei. Avisou-me logo que não havia lá motos mas ainda assim achei que valia a pena, nem que fosse para imaginar como seria o bulício da terra há 40 anos atrás cheia de movimento e motorizadas paradas à porta da oficina. Lá chegados, as ditas realmente eram só quatro paredes e um tecto que já deve deixar entrar chuva por aqui e ali. E motos, efectivamente não havia nenhuma. Mas, no meio do entulho todo, havia algo bastante interessante, e pelo menos para mim, cheio de vida. Calendários. Calendários de parede dos anos 60, 70 e 80 que apesar da sua idade, dizem muito, seja sobre as motos que se vendiam na altura, seja sobre a forma das promover. Uma maravilha. E todas ainda na parede, independentemente do seu ano. Dir-se-ia que o pai do Rui, que era quem dirigia a oficina na altura, usava o calendário e depois deixava-o na parede como quadro. Grande ideia. E ainda bem que ninguém se lembrou de os tirar de lá.

Este da Motoesa é o mais recente de todos. Tem pouco mais de 20 anos e além da moto futurista desenhada em cima mostra parte da gama que a empresa fabricava na altura, tendo em primeiro plano a Motoesa EFS Formula I já com jantes de liga leve e outras modernices.

Este, da EFS, é de 1981 - pouco antes dela fechar - e é também interessantíssimo pois mostra talvez toda a gama da marca na época, com as motorizadas mais "potentes" em primeiro plano e com os condutores das ditas com capacetes integrais, portugueses também provavelmente. Com um pouco de sorte, alguém que fez este anúncio ainda se lembrará dele e poderá contar-nos alguma história à sua volta.

Este, com a ajuda do Google, parece-me ser de 1979, e digo parece-me porque não lhe consigo descobrir o ano impresso no mesmo. É da Simões & Filhos e pela importância do pneu (e da jovem toda atrevida que faz questão de nos apontar o seu dedo para ele), percebe-se que na altura o negócio da Verdenstein já era de longe o mais importante da empresa.


Este, da Famel, e de 1969, é o mais antigo de todos. Pela paisagem de fundo, talvez até tenha sido pintado por algum artista local inspirado na bonita Pateira de Fermentelos que se situa perto da antiga fábrica da Famel mas o que é mais curioso nele são as duas motos que o artista, e os responsáveis da Famel, decidiram apresentar, as quais não consigo identificar. Seriam modelos concretos ou seriam imaginados pelo artista?

Haverá por aí mais gente que tenha destes preciosos calendários desta época? Com um pouco de sorte, ainda fazemos aqui no blog uma galeria deles.


7 comentários:

  1. Estes calendários, aparentemente sem valor nenhum, acrescentam mais alguns dados à história das nossas duas rodas!
    Formula 1 com jantes especiais e motor Puch de 4 velocidades!!!!!!!!!!!! É mais um para juntar à lista: Sachs, Casal, Kreidler, Zundapp com e sem radiador, Flandria 6v e agora tambem o Puch de 4 vel!
    Quanto ao Simões & Filhos Pedro, revê lá isso bem porque fechou há muitos mais anos! Diria mesmo que esse calendário é mais antigo que o da Famel (69), apesar do design poder induzir em erro! Se voltares ao local, podes tentar descobrir o ano nas minúsculas letras normalmente impressas pela gráfica!
    Abraço
    Carlos Martins

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  2. Oi Carlos, Obrigado pelo teu comentário. Cheguei à data pelo Google mas se o Simões & Filhos já estava fechado nessa altura, vou ver melhor e qdo passar novamente pelo Rui, vou "cravar-lhe" ver os calendários outra vez. Estou de acordo contigo. Pode não parecer nada mas penso que isto é mais um pouco da espectacular história das duas rodas em Portugal

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  3. Boas. As motorizadas do calendário Famel parecem-me uma Famel Carriça e uma Famel Caçador.

    Cumps.
    Pedro Henriques

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  4. Confesso que conhecia muito mal tanto uma como a outra mas já as tive a ver e sim, parecem ser uma e outra. Obrigado, Pedro.

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  5. Boa noite.
    Sobre Flandria de 6v posso dar algum contributo. Ainda hoje, dia 26/10/2009, estive com alguém que acabou de restaurar uma Flandria Daytona 6v, que até metia raiva. Parecia que tinha chegado hoje da Bélgica, à loja do importador.
    Deram-me a garantia de que me vão enviar, com autorização para publicação na DMC, fotografias do restauro desta clássica.
    O meu entusiasmo por este modelo, advém do facto de ter uma Flandria idêntica, a qual, por manifesta falta de "tempo", leia-se nota, ainda está a aguardar a sua vez.

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  6. Lá há-de chegar o dia, não é Paulo? E agora temos o problema que nos deixaste todos cheios de curiosidade para vermos essa Flandria. Vamos ver se consigo dormir esta noite!

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  7. Olá Paulo, como sabe tenho uma Imola 6 igual à sua (a minha joia da coroa) e sendo a Daytona irmã gémea dela, será que não sobrou algum material a esse amigo, ou possa indicar fontes de peças?
    Abraço
    Carlos Martins

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